Juro futuro longo tem maior rali desde junho, com exterior e política
Uma forte onda de compra de taxa deu a tônica no mercado futuro de juros da BM&F nesta quinta-feira, num movimento puxado pelo ambiente externo e que teve como pano de fundo escalada de incertezas políticas no Brasil.
A diferença entre os DIs janeiro/2023 e janeiro/2019 - uma medida de risco - saltou 12 pontos-base, maior alta desde 27 de julho (16 pontos). A 9,720% no "call" das 16h, o DI janeiro/2023 estava no maior patamar em um mês. Em 4 de setembro, essa taxa marcou 9,830% no fechamento.
O fortalecimento do dólar após cinco dias seguidos de baixa deu combustível para o movimento tomador de taxa de juros. A cotação terminou com ganho de 0,68%, a R$ 3,1537. No exterior, a divisa americana ganhava terreno frente a uma série de pares emergentes e do G-10, em meio a renovadas expectativas de que o Federal Reserve (Fed, o BC americano) possa promover mais uma alta de juros nos EUA até dezembro.
Se o câmbio acabou pressionando os DIs, o rali das taxas de juros tirou fôlego do Ibovespa. No fim da tarde, o índice oscilava em torno da estabilidade, aos 76.657 pontos, longe da máxima recorde de 78.024 pontos alcançada mais cedo.
O noticiário no plano doméstico tampouco deu argumentos para venda de juros. Desde cedo o mercado mostrou desconforto com o noticiário sobre dificuldades que o presidente Michel Temer (PMDB) estaria enfrentando para obter apoio necessário da Câmara dos Deputados para barrar denúncia contra ele elaborada pela Procuradora-Geral da República quando ainda estava sob chefia de Rodrigo Janot.
O mais recente episódio envolve o PSDB. O líder do partido na Câmara, deputado Ricardo Tripoli (SP), quis tirar o deputado federal Bonifácio de Andrada (PSDB-MG) da relatoria do processo contra Temer. Tripoli afirmou nesta quinta-feira que procuraria o presidente da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ), Rodrigo Pacheco (PMDB-MG), para que encontre outro partido que nomeie um relator. No fim da tarde, o PSC indicou Andrada para a CCJ no lugar de Marco Feliciano.
De toda forma, o movimento do PSDB é visto como negativo para Temer, já que sugere menos apoio da legenda - a principal da base do governo - à defesa do presidente da República.
Além disso, o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ) afirmou, em um jantar com deputados e senadores na terça-feira, que Temer deverá enfrentar "dificuldades" para barrar a denúncia que será analisada pela Casa nas próximas semanas. Maia é o primeiro na linha sucessória da Presidência da República.
Ao fim do pregão regular, às 16h, o DI janeiro/2023 tinha alta para 9,720% (9,580% no ajuste anterior). Comparando apenas taxas de fechamento, a alta é de 15 pontos-base, a mais intensa desde 23 de junho (16 pontos).
O DI janeiro/2021 avançava a 9,000% (8,880% no ajuste de ontem). Também se baseando em taxas de encerramento, a variação é de 13 pontos-base, a mais forte desde 20 de junho (14 pontos-base). O DI janeiro/2019 subia a 7,350% (7,310% no último ajuste).
ID: {{comments.info.id}}
URL: {{comments.info.url}}
Ocorreu um erro ao carregar os comentários.
Por favor, tente novamente mais tarde.
{{comments.total}} Comentário
{{comments.total}} Comentários
Seja o primeiro a comentar
Essa discussão está encerrada
Não é possivel enviar novos comentários.
Essa área é exclusiva para você, assinante, ler e comentar.
Só assinantes do UOL podem comentar
Ainda não é assinante? Assine já.
Se você já é assinante do UOL, faça seu login.
O autor da mensagem, e não o UOL, é o responsável pelo comentário. Reserve um tempo para ler as Regras de Uso para comentários.