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Juros futuros médios e longos sobem, com cenário político interno

16/10/2017 17h55

As taxas de juros de médio e longo prazos começaram a semana em alta, amparadas pelo aumento das tensões entre a Câmara dos Deputados e o governo na véspera da leitura na Casa da denúncia contra o presidente Michel Temer (PMDB).


No mercado, não se fala em preocupação relevante ou temor de algum revés à expectativa de que o presidente tenha resultado favorável na futura votação. Mas fica a percepção de que o processo poderá ser mais tortuoso e sujeito a volatilidade adicional.


As impressões de investidores podem melhorar caso a Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Câmara aprove com ampla margem o parecer do deputado Bonifácio de Andrada (PSDB-MG), que recomenda o arquivamento da denúncia contra Temer. As reuniões para apreciação da segunda denúncia ocorrerão na terça-feira, quarta e quinta. A expectativa é que o texto vá a Plenário até dia 23.


A questão é que as relações entre o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ) e o Palácio do Planalto - que já vinham estremecidas - ficaram ainda mais delicadas depois da publicação, pela Câmara, de vídeos na internet da delação premiada do operador Lúcio Funaro. O evento provocou rusgas entre Maia e o advogado de Temer, Eduardo Carnelós.


Entre investidores, não se projeta que a denúncia contra Temer avançará ao Supremo Tribunal Federal (STF). Mas há preocupações de que os ruídos atrapalhem a retomada do debate em torno de reformas econômicas, sobretudo a da Previdência.


"Eu estava mais otimista sobre a volta desse debate ainda para este ano. Mas tudo indica que isso não vai acontecer", diz Arnaldo Curvello, da Ativa Wealth Management. "O risco é ficar para o ano que vem, que é eleitoral", acrescenta.


"Essa história toda mais incomoda do que gera dano concreto. Mas o que se vê é uma subida de tom de Maia que não estava na conta", diz outro profissional da área de renda fixa de uma gestora.


As dúvidas no plano interno acabam deixando os mercados mais sensíveis às intempéries externas. Nesta segunda, a alta dos "yields" (retorno ao investidor) soberanos nos Estados Unidos, após dados mais fortes da economia do país, provoca aumento do valor do dólar e, por conseguinte, eleva as apostas para os juros futuros em todo o mundo.


Em evento em São Paulo, o presidente do Banco Central, Ilan Goldfajn, disse que o maior risco à economia doméstica hoje é uma reversão do quadro positivo visto no exterior. Por isso, Ilan voltou a destacar a importância do encaminhamento da agenda de reformas.


Ao fim do pregão regular, às 16h, o DI janeiro/2018 tinha taxa de 7,390% ao ano (7,392% no ajuste anterior). Já o DI janeiro/2019 subia a 7,290% (7,270% no último ajuste). O DI janeiro/2021 ia a 8,980% (8,930% no ajuste anterior). E o DI janeiro/2023 indicava 9,700% (9,650% no último ajuste).