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Real volta a mostrar resiliência com cena política

18/10/2017 14h36

A queda do dólar foi revertida ao longo da manhã desta quarta-feira (18) e a moeda inicia o período vespertino bem próxima da estabilidade. Ainda assim, o desempenho do câmbio local é mais positivo que de boa parte de seus pares.


Profissionais de mercado apontam que hoje o sentimento no mercado estaria um pouco mais positivo em relação ao alinhamento na base parlamentar do governo, o que poderia favorecer a tramitação de medidas de ajuste econômico. Comenta-se inclusive que o dólar pode testar o limite inferior da banda, de R$ 3,15 e R$ 3,20, que vem prevalecendo nas últimas três semanas.


"Com desfecho da votação da denúncia contra [o presidente Michel] Temer, o dólar pode testar uns R$ 3,14", diz o operador Alessandro Faganello, da Advanced Corretora. Essa visão é apoiada pelo fato de que o Senado decidiu, por 44 votos a 26, rever a decisão da Primeira Turma do STF e devolver a Aécio Neves (PSDB-MG) o direito de exercer o mandato parlamentar. O placar contou o apoio do PMDB, de Temer. "A votação indica que os maiores partidos no governo estão afinados e pode dar força para encerrar logo a denúncia contra Temer e retomar o foco para a reforma da Previdência", diz Faganello.


A expectativa é de que os parlamentares na CCJ votem de maneira favorável o parecer do relator, deputado Bonifácio de Andrada (PSDB-MG), que recomenda que a Câmara não autorize a abertura de processo contra Temer pelos crimes de organização criminosa e obstrução da Justiça. Com isso, a medida pode ser avaliada no plenário na semana que vem.


Por outro lado, o dólar segue pressionado no exterior. O presidente americano, Donald Trump, deve escolher quem chefiará o banco central americano (Fed) antes do dia 3 de novembro. A lista de opções está restrita a cinco candidatos. Entre os mais favoráveis para a continuidade da política de aperto monetário gradual estaria a atual presidente Janet Yellen e o membro do Conselho do Fed, Jerome Powell. Por outro lado, o ex-diretor do Fed, Kevin Warsh, e o economista da Universidade de Stanford, John Taylor, são conhecidos críticos de uma postura acomodatícia. Na disputa, está ainda o principal assessor econômico de Trump, Gary Cohn.


Por volta das 13h25, o dólar comercial subia 0,32%, a R$ 3,1788, tendo caído mais cedo até R$ 3,1555.O contrato futuro para novembro, por sua vez, tinha alta de 0,38%, a R$ 3,1765.


Juros


Os juros futuros têm uma sessão de ligeiros ajustes nesta quarta-feira, após queda firme na véspera. Os níveis são mantidos diante da percepção no mercado de que a cena política estaria um pouco mais amena enquanto a atividade econômica volta a dar sinais de a retomada ainda é lenta, abrindo espaço para queda da Selic.


Nesta quarta-feira, o quadro foi reiterado pela contração no IBC-Br de agosto, que serve de prévia para os dados do Produto Interno Bruto (PIB). A maioria dos agentes financeiros ainda aposta que o juro básico terminará o ciclo em 7%. Os números também servem para reforçar a expectativa das instituições que projetam níveis ainda mais baixos.


O IBC-Br recuou 0,38% na passagem de julho para agosto, com o ajuste sazonal, indicando assim resultado pior que o esperado. Especialistas ouvidos pelo Valor Data projetavam queda de 0,23% no indicador.


"Contrastando com a recente onda de revisões positivas, os números recentes ainda sugerem um ritmo gradual para a retomada", diz o banco de investimento Haitong do Brasil, em relatório. A recuperação não está em risco, mas o ritmo deve garantir a manutenção de uma posição acomodatícia da política monetária por um período de tempo "relativamente longo". A instituição projeta que a Selic deve cair para 7% neste ano, permanecendo nesse nível ao longo de 2018.


Na avaliação do economista-chefe da Quantitas, Ivo Chermont, o cenário atual permite que a Selic caia até 6,5% no início do ano que vem e volte a subir no fim de 2018. Por ora, ele vê que a Selic pode se acomodar no futuro em 9%, mas seria necessário a aprovação da reforma da Previdência para se manter nesse nível. "O BC vai subir juros em algum momento, faz parte do ciclo, mas o teto vai ser menor do que da última vez, contanto que as reformas sejam executados", conclui.


Por volta das 13h29, o DI janeiro/2018 cai a 7,347% (7,368% no ajuste anterior) e o DI janeiro/2019 é negociado a 7,260% (7,260% no ajuste anterior).O DI janeiro/2021 opera a 8,940% (8,930% no ajuste anterior).


Bolsa


A pressão do vencimento do mercado futuro voltou a pesar sobre o Ibovespa no fim da manhã e colocou o indicador num nível próximo à estabilidade.


Às 13h30, o Ibovespa caía 0,14% para 76.095 pontos. Na máxima, alcançou 76.700 pontos.


A exemplo do que ocorreu ontem, um grande player estrangeiro atua com força na ponta vendedora no mercado futuro. Atuação que começou a ficar mais evidente depois das 11h30, que é quando começam os negócios nas bolsas americanas.


Ações ligadas à economia doméstica voltam a se destacar entre as maiores altas. Pão de Açúcar avançava 2,89%, seguido por Ecorodovias (2,73%) e Lojas Americanas (2,61%).


As varejistas, especialmente as que não estão listadas no Ibovespa, chamaram a atenção num movimento de recuperação, após três pregões consecutivos de baixas, pressionadas pela expansão das operações da gigante americana Amazon no Brasil. Papéis de B2W, Magazine Luiza e Lojas Americanas estiveram entre as mais negociadas durante boa parte da sessão, o que confirma que o fluxo comprador desses papéis hoje foi consistente. Até as 13 horas, Magazine Luiza havia girado R$ 171 milhões, perdendo apenas para Vale (R$ 247 milhões) e Petrobras (R$ 194 milhões).


Na ponta negativa, aparecem ações de commodities, comoUsiminas (-3,32%) eFibria (-2,68%).