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PSDB se tornou igual ao PMDB, diz ex-ministro Bresser-Pereira

26/10/2017 15h24

Ex-ministro dos governos José Sarney e Fernando Henrique Cardoso, o professor Luiz Carlos Bresser-Pereira afirmou nesta quinta-feira (26) que o PSDB se tornou igual ao PMDB e está cada vez mais próximo da direita.


Para Bresser-Pereira, o apoio de parte significativa da legenda ao presidente Michel Temer, como mostraram as duas votações da denúncia contra o presidente na Câmara, mostra que o partido não é liderado ideologicamente pelo presidente em exercício da sigla, senador Tasso Jereissati (CE), mas sim pelo senador Aécio Neves (MG), que tenta voltar à presidência nacional do PSDB.


Fundador do PSDB, Bresser-Pereira deixou o partido em 2011, com críticas ao deslocamento da legenda para a centro-direita. "O que aconteceu mais recentemente é que o PSDB não é mais o partido de centro-direita do Tasso, que é um notável político, 'first class'. O partido virou, boa parte dele, rigorosamente igual ao PMDB", disse Bresser-Pereira.


"A crise mostrou quem está de qual lado. Aécio está do lado do PMDB", afirmou o professor da FGV, que participa do encontro da Associação Nacional de Pós-Graduação e Pesquisa em Ciências Sociais (Anpocs), em Caxambu (MG).


Apesar de a maioria do PSDB na Câmara ter votado ontem pelo prosseguimento da segunda denúncia contra o presidente Michel Temer, Bresser-Pereira queixou-se do atual posicionamento político da legenda e disse que "houve uma deturpação muito grande do partido".


Na votação da segunda denúncia contra Temer, o PSDB continuou dividido, mas 23 tucanos votaram pelo prosseguimento das investigações e 20 foram contra. Foi uma mudança em relação à votação da primeira denúncia, em agosto, quando o placar foi mais acirrado e 21 votaram pelo prosseguimento da denúncia, mas 22 optaram por barrar as investigações contra o presidente.


Ao analisar o impacto das denúncias contra Temer em 2018, Bresser-Pereira disse não ver um cenário muito diferente do que houve em outras eleições e afastou a possibilidade de uma candidatura populista, como a do deputado Jair Bolsonaro (PSC-RJ), ser vitoriosa. O ex-ministro e cientista político acredita em uma disputa entre o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB), e o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).


"Não acredito em um novo Collor", disse. "Collor só surgiu porque houve uma perda de confiança muito violenta na ocasião do fracasso do Plano Cruzado. Não creio que neste momento esteja nesse nível", afirmou. "Existe descontentamento da população, mas não creio que possa se canalizar para um candidato salvador".


Se a candidatura de Lula for inviabilizada e o PT lançar o ex-prefeito Fernando Haddad, Bresser-Pereira acredita na vitória mais fácil do candidato tucano. "O ideal seria se o PT apoiasse Ciro Gomes. Se lançar Haddad, é difícil ganhar, fica mais tranquilo para o lado liberal."


Nesta quinta-feira estava prevista a participação de Haddad em uma mesa redonda com Bresser-Pereira para discutir o fracasso da coalização proposta por Lula, mas o petista não foi. Segundo os organizadores, o ex-prefeito foi "chamado de última hora" pelo ex-presidente para participar da caravana de Lula em Minas, na cidade de Montes Claros.