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Ibovespa cai pressionado por exterior e balanços; dólar sobe

30/10/2017 14h34

O Ibovespa passou toda a manhã desta segunda-feira em queda e abaixo da linha dos 76 mil pontos. A cautela vinda do exterior e os resultados de algumas empresas com importante influência sobre o índice explicam esse movimento.


Às 13h30, o Ibovespa caía 1,16% para 75.106 pontos. Durante a manhã, oscilou entre a mínima de 75.028 pontos e a máxima de 75.973 pontos.


Para o head de renda variável da CM Capital Markets, Fernando Barroso, a expectativa pela definição do sucessor de Janet Yellen no Fed tem limitado o desempenho do mercado local. "A bolsa havia subido muito e agora os investidores realizam, mas há alguma cautela vinda de fora", afirma Barroso, que diz observar que há investidores estrangeiros operando na ponta vendedora.


As ações de siderúrgicas estiveram entre os destaques negativos. CSN chegou a cair mais de 3,4%, reagindo aos balanços que estavam atrasados e foram divulgados no fim de semana. Às 12h58, a queda era de 0,99%. Em 2017, a empresa registrou prejuízo não auditado de R$ 266 milhões até setembro, queda de 66,7%. Em 2016, mostrou prejuízo de R$ 934,7 milhões, queda de 23%. Amanhã a companhia fará teleconferência para comentar os resultados, que não eram apresentados há um ano.


Usiminas (-2,96%), que segue reagindo à informação de que a empresa não vai conseguir repassar o reajuste de preço que estava previsto até o fim deste ano, por causa da queda do preço do aço no mercado internacional. Essa afirmação foi feita durante a teleconferência da companhia, na sexta-feira. E ela acaba levando investidores a devolveram boa parte dos ganhos recentes, que foram baseados em parte à perspectiva de aumento de preços cobrados pela empresa.


Hoje, a queda do preço do minério de ferro contribuiu para as perdas de siderúrgicas e também da Vale durante boa parte da manhã. Mas a mineradora acabou se recuperando e, há pouco, voltava a subir 0,93%. A commodity caiu 2,2% no mercado chinês para o menor nível em quatro meses.


Os papéis de bancos também registram quedas expressivas, refletindo o aumento da cautela no mercado numa semana em que se espera pela reunião do Fed e também pela indicação do sucessor de Janet Yellen, eventos que devem calibrar o apetite global por risco.


Banco do Brasil caía 1,32%, Bradesco ON recuava 1,32%, Itaú perdia 0,66% e Santander, -0,93%.


Na ponta positiva, o destaque é Petrobras ON, que avança 0,92%. A recuperação da petroleira, que também operou em baixa durante boa parte da sessão, contribui para tirar o índice das mínimas.


Dólar


O câmbio doméstico figura entre os piores desempenhos globais na sessão desta segunda-feira. Em meio a indefinições externas e locais, o real volta a mostrar um padrão de oscilações mais acentuadas. Ainda assim, acompanha a piora do ambiente para emergentes.


Na máxima, a cotação da divisa americana tocou R$ 3,2654 no balcão. O avanço do dólar por aqui é suficiente para deixar a moeda brasileira com o pior desempenho numa lista de 33 divisas globais.


Em uma semana de agenda carregada de indicadores econômicos nos EUA, os investidores globais aguardam também a decisão do presidente americano, Donald Trump, sobre quem chefiará o Federal Reserve a partir do ano que vem.


Para o estrategista-chefe do banco Mizuho do Brasil, Luciano Rostagno, o dólar pode voltar a operar próximo de R$ 3,20 caso seja escolhido um candidato que mantenha a postura gradualista do Fed. As especulações de que Jerome Powell pode assumir o cargo contribuem para a perspectiva de manutenção do que vem aplicando a atual presidente Janet Yellen.


Um alívio maior, entretanto, dependeria da cena local. "Para voltar retomar a banda de R$ 3,10 e R$ 3,20, devemos esperar avanço na agenda de reformas", diz o especialista do banco Mizuho. Neste momento, a leitura é de que o governo vai avaliar o apoio no Congresso e o quanto vai ter de desidratar da proposta de reforma previdenciária. "A redução do escopo da reforma pode dar noção ao mercado do que ainda pode ser aprovado", acrescenta.


Hoje, o ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, disse que o texto que está em trâmite na Câmara dos Deputados é o que o governo defende. A aprovação da reforma é possível, afirmou Meirelles. Caso não ocorra neste ano, o governo vai insistir no tema em 2018.


A cena política no Brasil também é motivo de cautela por causa da disputa eleitoral. A pesquisa do Ibope, divulgada no fim de semana, apontou que o segundo turno da disputa eleitoral de 2018 seria disputada por ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e o deputado Jair Bolsonaro (PSC). Profissionais de mercado apontam que a eleição ainda estaria longe e os resultados das consultas populares não seriam motivo de estresse no mercado. Por outro lado, como aponta o estrategista de uma corretora paulista, a pesquisa "mostra que o populismo ainda tem chances, sim, de voltar ao poder", trazendo algum desconforto para os investidores.


Por volta das 13h30, o dólar comercial subia 0,55%, a R$ 3,2614. Nesta semana, o câmbio doméstico pode ter instabilidade adicional por causa da formação da taxa Ptax de fim de mês, que serve de referência para liquidação de derivativos.


Juros


Os juros futuros retomam o viés de alta nesta segunda-feira. A sessão, entretanto, é marcada pela instabilidade no sinal dos ativos, tendo iniciado com as taxas em viés de baixa. Profissionais de mercado atribuem o comportamento errático a fatores técnicos em meio a um ambiente de incertezas, tanto domésticas quanto externas.


A diferença entre o DI janeiro de 2023 e o DI janeiro de 2019 renova a máxima, a 2,52 ponto percentual, ante 2,47 ponto no fechamento da sessão passada. O valor é mais alto que os 2,50 ponto da quinta-feira, quando os saltos nas taxas se assemelharam ao estouro da crise política em meados de maio.


ODI janeiro/2018 opera a 7,227% (7,232% no ajuste anterior) e o DI janeiro/2019 se mantém estável, a 7,300% (7,300% no ajuste anterior).


Já o DI janeiro/2021 sobe a 9,150% (9,100% no ajuste anterior) enquanto o dólar comercial avança 0,43%, a R$ 3,2574.


Entre vencimentos mais longos, o DI janeiro/2023 sobe a 9,820% (9,800% no ajuste anterior) e o DI janeiro/2025 marca 10,100% (10,090% no ajuste anterior).