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Ibovespa oscila perto dos 73 mil pontos com alívio local; dólar cai

08/11/2017 15h00

O mercado de bolsa oscila no começo da tarde de hoje perto do nível dos 73 mil pontos que foi perdido ontem, depois que os investidores usaram como justificativa os receios quanto à reforma da Previdência para zerar posições.


O alívio momentâneo, sem uma agenda relevante aqui e no exterior, combinado com as oportunidades de compra deixadas pela forte baixa dos ativos leva o Ibovespa a subir 0,51%, aos 72.781 pontos, às 13h52. Na máxima intradia, o índice chegou aos 73.258 pontos.


Para um operador, a saída dos estrangeiros da bolsa é o que explica em grande medida a dificuldade do mercado local de voltar ao ritmo de ganhos que o levou a tocar topos históricos. Segundo ele, "ninguém está comprando bolsa hoje" pensando que reformas como a da Previdência serão aprovadas.


"Investidor está comprando porque abriu oportunidade, depois de um movimento de 'stop' [ordens de venda ao atingir um nível de cotação] ontem", afirma.


Para o operador, quem esteve fortemente na ponta vendedora ontem foram os estrangeiros, que vêm retirando dinheiro da bolsa, da ordem de R$ 1,8 bilhão em outubro e de R$ 475,23 milhões já no acumulado do começo de novembro.


"Em um momento que o investidor local está com receio do lado político, a bolsa não tem como andar muito e oscila ora para cima, ora para baixo", diz. "Mesmo assim, se a reforma da Previdência realmente não passar, não acho que vamos perder mais fluxo por um rebaixamento das agências de classificação de risco, porque o fundo de pensão que só pode operar em país com grau de investimento já está fora daqui e o dinheiro especulativo não sai."


O pregão de alívio após uma baixa mais intensa fica mais claro com a alta de papéis cuja queda ontem foi mais intensa, caso do Banco do Brasil, que recuou 5% e hoje sobe 1,68%, a R$ 31,99, no terceiro maior volume do Ibovespa agora. Com menor ganho, mas no segundo maior giro, o Itaú Unibanco avança 0,73%, a R$ 41,40.


Quem também sustenta os ganhos do dia depois de um tombo intenso no pregão passado é a Usiminas PNA (+5,06%, a R$ 8,51), que está entre os dez maiores volumes negociados no índice, e a Vale ON (+0,92%, a R$ 33,83), blue chip de importante peso no Ibovespa.


Após divulgarem balanços, Qualicorp (+4,24%, a R$ 35,15) e TIM Participações (+5,15%, a R$ 12,04) passaram a liderar as altas do índice. A empresa de planos de saúde apresentou lucro líquido 53,2% maior no terceiro trimestre, ante igual período de 2016, a R$ 108 milhões. Já a tele obteve lucro de R$ 279 milhões no trimestre, aumento de 51,6% em base anual.


Para Fernando Barroso, head de produtos estruturados da CM Capital Markets, a Eletrobras lidera hoje as baixas do dia ? após, ontem, ter figurado entre as únicas altas ? porque, enquanto não houver clareza na modelagem do processo de desestatização, haverá volatilidade sobre as ações. A ON hoje cai 2,21%, a R$ 20,75, enquanto a PNB recua 2,02%, a R$ 23,82.


Dólar


Em queda firme desde a abertura, o dólar recua nesta quarta-feira ao menor nível em pouco mais de uma semana. Num dia já positivo para emergentes e divisas commodities, o movimento é acentuado por aqui diante da tentativa do governo para reacender a esperança na aprovação da reforma da Previdência, agora com indicações de que conteúdo será, de fato, mais enxuto.


Na mínima, a moeda americana caiu até R$ 3,2416, sendo negociada abaixo de R$ 3,25 pela primeira vez desde 30 de outubro quando tocou R$ 3,2349. Com isso, o câmbio brasileiro lidera, com alguma folga, os melhores desempenhos da sessão dentre as principais moedas globais.


Às 13h52, a moeda era cotada a R$ 3,2502, queda de 0,72%.


O bom desempenho do real, entretanto, não significa que o sentimento dos agentes financeiros tenha se invertido em relação à reforma da Previdência. Operadores de mercado apontam que ainda pesa o ceticismo com a retomada dessa agenda, só que não de maneira tão pessimista quanto na véspera quando perseverou a visão de que o governo havia desistido da medida.


"O governo está tentando 'corrigir' a percepção do mercado de que a reforma da Previdência está enterrada. Isso ajuda o real a se recuperar um pouco", diz o estrategista-chefe do banco Mizuho do Brasil, Luciano Rostagno. Ainda assim, ele alerta que será "bastante desafiador" aprovar a medida mesmo que a proposta seja reduzida para nova idade mínima de aposentadoria e regras de transição.


No fim da tarde desta quarta-feira, está previsto uma entrevista coletiva do relator da medida na Câmara, o deputado Arthur Maia. Ao longo do dia, o presidente Michel Temer se reúne com políticos da base numa aparente tentativa de ajustar a estratégia para a reforma, o que pode incluir a antecipação de mudanças ministeriais para agradar os políticos do Centrão.


Para além do debate na política, o ganho do real se pauta em novos sinais de robusta atuação chinesa no comércio mundial, algo favorável para demanda por commodities. "Se não fosse pelo bom momento lá fora, é difícil que o mercado daria tanto espaço para reavaliação sobre o cenário político no Brasil", diz o operador de uma corretora paulista. "O exterior dá um respiro para novas leituras sobre a Previdência, mas é possível que haja alguma decepção", alerta.


Entre os desempenhos positivos da sessão, atrás do real está o bloco de papéis latino-americanos e outros emergentes, como o rand sul-africano e o rublo russo. De acordo com dados de balança comercial de outubro, as importações da segunda maior economia do mundo avançaram 17,2% ante igual período do ano passado, acima da alta esperada de 16,3%. As exportações subiram 6,9%, bem próximo dos 7,0% esperados.


A agenda menos carregada de indicadores nos Estados Unidos também abre espaço para uma pressão menor de alta do dólar e dos juros dos Treasuries, em meio ao debate sobre o ritmo de aperto monetário por lá. Na semana passada, diante da reprecifiação do cenário econômico dos EUA e onda de vendas de emergentes, o fluxo cambial do Brasil ficou negativo em US$ 926 milhões, sendo puxado pela saída líquida de US$ 1,567 bilhão pela via financeira.


Juros


Os juros futuros operam em baixa nesta quarta-feira. Com variações mais acentuadas na ponta mais longa, o comportamento das taxas sinaliza redução do prêmio exigido para riscos mais estruturais. O ambiente externo mais favorável a emergentes abre espaço para algum "alívio" no mercado, sendo acentuado pela tentativa do governo para reavivar a esperança na aprovação da reforma da Previdência.


ODI janeiro/2021 cai a 9,240% (9,340% no ajuste anterior). Já o DI janeiro/2023 registra 10,000% (10,090% no ajuste anterior) e o DI janeiro/2025 marca 10,330% (10,400% no ajuste anterior).


Entre outros vencimentos, o DI janeiro/2019 cai a 7,250% (7,290% no ajuste anterior) e o DI janeiro/2020 recua a 8,430% (8,510% no ajuste anterior).