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Intenção de consumo das famílias atinge maior nível em 2 anos, diz CNC

28/11/2017 12h12

Uma combinação de fatores favoráveis ? como inflação menos pressionada, menor custo de crédito e sinais de melhora no mercado de trabalho ? levou a um aumento de 3% na Intenção de Consumo das Famílias (ICF) apurada pela Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC) em novembro, na comparação com outubro, para 80,2 pontos.


É o maior nível para o indicador desde julho de 2015, quando marcava 81,8 pontos. Na comparação com novembro do ano passado, o aumento foi de 7,9%. A melhora levou a entidade a revisar para cima, de 2,8% para 3,7%, a projeção de alta para este ano no volume de vendas do comércio varejista ampliado ? que inclui as atividades de veículos, motos, partes e peças e de material de construção ?, ante ano passado.


Caso confirmado, será o primeiro crescimento anual de vendas do setor em quatro anos, desde 2013 (3,6%). Em 2016, as vendas do varejo ampliado caíram 8,7% em comparação com ano anterior, pior resultado da série iniciada em 2004 pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) para o segmento.


Para a CNC, a melhora gradativa das condições econômicas impulsionou a recuperação da confiança das famílias. Um dos aspectos que mais contribuíram para melhora na intenção de consumo, nessas condições, foi a inflação menos pressionada. Além disso, houve leve recuo do custo de crédito e sinais de retomada de massa salarial. Isso na prática liberou fatia maior do orçamento das famílias para o consumo.


"O que esse número mostra é que o pior ficou para trás. A inflação em baixa, o custo do crédito menor para as famílias levou a uma retomada no otimismo das famílias" explicou Bruno Fernandes, economista da entidade.


Ele classifica o resultado como positivo, mas comenta que o ritmo da retomada de consumo ainda é lento. O especialista observa que, apesar de sinais de melhora no mercado de trabalho, a taxa de desemprego ainda é muito elevada.


Segundo o IBGE, a taxa de desocupação no 3º trimestre de 2017 foi de 12,4% no Brasil, 0,6 ponto percentual menor do que a do 2º trimestre de 2017 (13,0%). Porém, até o terceiro trimestre, a taxa ainda representava 13,1 milhões de desempregados. Para o técnico, o fato de ainda não se perceber melhora robusta no mercado de trabalho é o que tem ditado o ritmo ainda lento de recuperação do consumo.


Outro aspecto mencionado por ele é o fato de que o indicador ICF ainda se posicionar no patamar de 80 pontos, ou seja, em zona desfavorável (o indicador vai até 200 pontos). Na análise de Fernandes, caso mantenha a cadência atual, de recuperação gradual, o índice pode chegar a 100 pontos novamente ? mas somente a partir do segundo semestre do ano que vem. Na análise dele, os leves sinais de recuperação do mercado de trabalho deverão contribuir para elevar o grau de confiança dos consumidores nos próximos meses, e assim impulsionando o consumo, com reflexo positivo nas vendas do varejo, mas de forma lenta, admitiu.


No ICF, dos sete tópicos usados para cálculo do indicador, todos apresentaram aumento na passagem de outubro para novembro. O mais expressivo foi observado em perspectiva de consumo (6%), seguida por perspectiva profissional (3,3%), compra a prazo e nível de consumo atual (ambos com 2,9%), renda atual (2,7%), momento para duráveis (2,4%) e emprego atual (1,3%).


Em relação a novembro do ano passado, a perspectiva de consumo também mostrou o aumento mais expressivo (21,17%), seguida por momento para duráveis (17,4%), nível de consumo atual (14,7%), compra a prazo (10,5%), renda atual (4,8%) e emprego atual (3%). Nessa comparação, apenas um tópico apresentou recuo: o de perspectiva profissional (-2,5%).