Petrobras "endeusava" diretores, afirma executivo
(Atualizada às 11h28) O diretor de governança e conformidade da Petrobras, João Elek, afirmou nesta terça-feira (28) que a companhia foi vítima de um cartel de empresas, em relação aos escândalos de corrupção envolvendo contratos da companhia descobertos no âmbito da força-tarefa da operação "Lava-Jato", da Polícia Federal e o Ministério Público Federal.
"A empresa foi vitimada por um cartel que trouxe uma série de problemas", disse o executivo, durante apresentação no 38º Congresso Brasileiro de Auditoria Interna (Conbrai), no Rio.
Elek contou que houve uma mudança da maneira como a alta administração da Petrobras olha para a auditoria e o controle da empresa. No passado, destacou, havia um "endeusamento" dos diretores.
O executivo destacou que a Petrobras tem hoje um programa de conformidade "bastante sofisticado". Ele acrescentou que a auditoria interna da Petrobras tem acesso a "absolutamente tudo" da empresa.
O diretor ressaltou também que o setor de energia vem sofrendo uma transformação "imensa" dentro de todos os processos da indústria e que a auditoria tem que estar atenta a essa mudança. "A auditoria interna tem que atualizar os progressos, caminhar junto e trazer valor para a organização", afirmou.
Fraquezas
Segundo Elek, ainda há três deficiências em termos de fraquezas materiais da companhia - e, até o fim do ano,espera eliminar todas as três.
Segundo ele, uma das fraquezas está no controle interno de acesso a sistemas. "Estamos fazendo uma revisão muito grande nessa área. Espero que já neste ano tenha remediado totalmente", afirmou.
As outras duas são ligadas à parte de ativos imobilizados, principalmente no controle de adiantamento a fornecedores.
O executivo contou que, ao assumir o cargo, em 2015, foram identificadas nove fraquezas materiais. Dessas, seis já foram completamente eliminadas.
Durante sua apresentação, Elek destacou que o relacionamento da Petrobras com órgãos de controle do país hoje é muito bom e ressaltou haver um grande progresso no arcabouço legal. "As instituições no país nunca foram tão desafiadas e nunca responderam tão bem", disse.
Bloqueio cautelar
Quase três anos desde a criação da lista de bloqueio cautelar da estatal - em que fornecedores e prestadores de serviço da petroleira foram impedidos de serem contratados ou participar de licitações por indícios de irregularidades em contratos -, 20 empresas permanecem na relação, segundo dados fornecidos pela companhia, a pedido do Valor.
Segundo Elek, as empresas do bloqueio cautelar devem firmar acordos de leniência e instalar processo de compliance solicitados pela estatal, amparada na Lei Anti-Corrupção, para que possam sair do cadastro e voltar a negociar com a petroleira.
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