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Investidores pedem retorno maior para aposta em juros futuros longos

12/12/2017 18h16

A perspectiva cada vez mais clara de que a reforma da Previdência não será votada neste ano combinada com firmes altas de "yields" (retorno ao investidor) nos mercados de renda fixa na Europa e nos EUA catapultoua máximas recordesos prêmios de risco das apostas feitas no mercado de juros futuros local.


Os spreads entre os DIs janeiro/2023 e janeiro/2019 e os DIs janeiro/2021 e janeiro/2019 subiram pela quarta sessão consecutiva. A diferença entre os vértices 23 e 19, por exemplo, foi a 327 pontos-base, elevação de quase 30 pontos-base no período.


O aumento desses spreads denuncia um mercado que pede mais taxa para aplicar em prazos mais longos. E essa postura reflete ceticismo quanto a capacidade de os juros serem mantidos em patamares baixos no longo prazo devido à fragilidade do quadro fiscal doméstico. O esvaziamento das apostas de que a reforma da Previdência será votada e aprovada neste ano apenas reforçou as dúvidas quanto à agenda de reformas, que pode enfrentar mais obstáculos à medida que o país passa a discutir mais o quadro eleitoral de 2018.


No mais recente episódio da série de declarações de autoridades políticas sobre a reforma da Previdência, hoje foi o presidente Michel Temer que admitiu que a votação do projeto pode ficar para 2018.O presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ), afirmou também nesta terça-feira ser "muito difícil" votar a reforma na semana que vem. E ao chegar a reunião com o presidente da Câmara, o relator da reforma da Previdência, deputado Arthur Maia (PPS-BA) disse que só pautará se tiver garantia de aprovação do texto e que, nesse sentido, a data da aprovação é "pouco significativa" e que não há obrigatoriedade para votar na semana que vem.


Questionado sobre as declarações do relator, o ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, disse que, se a votação não ocorrer semana que vem, o começo de 2018 "é uma hipótese".


"O mercado está se convencendo que tudo indica que não haverá reforma agora. E, por isso, existe muito espaço para melhora no caso de uma surpresa com uma votação na semana que vem", diz Luis Laudisio, da Renascença.


A equipe de gestão do Fundo Verde, liderada por Luis Stuhlberger, avalia que a probabilidade de aprovação neste ano da reforma da Previdência é "baixa". Dessa forma, à medida que isso se consolidar como consenso, os mercados devem voltar as atenções para o tema eleitoral, o que deve gerar "volatilidade importante" ao longo do próximo ano.


Se os trechos mais longos foram contaminados pela incerteza com a reforma da Previdência, o movimento relativo às taxas mais curtas foi influenciado pelo conteúdo da ata da última reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), divulgada nesta terça. De forma geral, o documento reiterou a mensagem de corte de 0,25 ponto percentual da Selic em fevereiro, mantidas as condições atuais.


O Itaú Unibanco chama a atenção, porém, para uma aparente indicação de desconforto com o ritmo de convergência da inflação para a meta (lembrando que a inflação hoje está abaixo do centro da meta). O banco diz ainda que o Copom ressalta a importância do avanço das reformas e ajustes como forma de limitar os riscos para a inflação e consolidar o ambiente para taxas de juros mais baixas."Após a leitura da ata, mantemos nossa visão de que o Copom reduzirá a taxa Selic para 6,50% em março de 2018, encerrando com este movimento o ciclo de flexibilização atual", diz em relatório, no qual estima corte de 0,25 ponto em fevereiro


Já o BTG Pactual mantém expectativa de redução de 0,25 ponto em fevereiro, mas admite que o risco está "levemente" voltado para estabilidade.


Em meio à perspectiva de volatilidade, o BNP Paribas decidiu recomendar realização de lucros em posições vendidas em DI janeiro/2019. Os estrategistas do banco para a América Latina, liderados por Gabriel Gersztein, dizem que tanto o modelo quanto a extrapolação da Selic terminal por parte da área de pesquisa econômica do banco mostram que ainda há prêmio de risco nesse trecho.Porém, ressalvam que "uma coisa é o preço teórico" e outra é o "custo de oportunidade de permanecer exposto a volatilidade indesejada antes de críticos e incertos eventos domésticos".


Ao fim do pregão regular, às 16h, o DI janeiro/2019 caía a 6,970% ao ano (6,990% no ajuste anterior). Já oDI janeiro/2020 subia a 8,320% (8,290% no último ajuste).O DI janeiro/2021 avançava para 9,310% (9,250% no ajuste de ontem).E o DI janeiro/2023 tinha alta para 10,240% (10,140% no ajuste anterior).