Ibovespa opera em alta de olho na cena política; dólar ronda R$ 3,30
Notícias no campo político dão fôlego ao Ibovespa nesta quarta-feira. Depois da reação positiva observada nos minutos finais do pregão de ontem à notícia de que foi marcado o julgamento em segunda instância do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, a decisão do PSDB de fechar questão a favor da reforma da Previdência fez a bolsa acelerar os ganhos.
O Ibovespa retomou o patamar dos 74 mil pontos, tocado pela última vez no dia 28 de novembro. Mas, ainda assim, o comportamento do mercado está longe de indicar euforia ou otimismo. As incertezas em torno da capacidade do governo aprovar a reforma, mesmo com o apoio do PSDB, permanecem.
Logo no início da sessão, a bolsa já refletia uma melhora de humor diante da notícia do julgamentos dos recursos de Lula. Essa informação reforça a possibilidade de que o petista fique inelegível, o que poderia, na visão dos analistas, reduzir os riscos da eleição de 2018. E por isso provocou uma recuperação do Ibovespa nos minutos finais do pregão de ontem, assim que foi divulgada, num movimento que se estendeu nesta manhã.
Mas foi quando surgiu a primeira confirmação de que o PSDB fechara questão a favor da reforma, durante reunião da Executiva do partido, que o Ibovespa tocou a máxima, aos 74.622 pontos.
O PSDB conta com 46 deputados e 11 senadores. Apesar dos fechamento de questão, o partido não discutiu punição para os deputados que descumprirem a orientação.
Às 13h45 o Ibovespa marcava 74.297 pontos, alta de 0,66%.
Na cena corporativa, o mercado espera pelo IPO da BR Distribuidora, cuja precificação acontecerá hoje. Um papel que deve ser acompanhado nesse período é Ultrapar, concorrente da BR em bolsa. Estima-se que o preço da operação leve em conta um deságio de cerca de 30% em relação à ação da Ultrapar. Ainda assim, hoje o papel opera em alta de 1,55%.
Uma reação esperada para esse papel seria de queda. Isso porque, em tese, investidores interessados em comprar BR poderiam optar por reduzir posição em Ultrapar para manter o mesmo nível de exposição ao setor de distribuição de combustíveis. Mas, na visão de um gestor, o fato de haver uma demanda elevada para a BR - estima-se que seja o equivalente a duas vezes a oferta - pode estar provocando o efeito contrário. Como esses investidores já preveem que não conseguirão obter todo o lote pretendido no leilão, o interesse em manter-se expostos ao setor poderia estar levando esses players a reforçar a compra de Ultrapar neste momento.
Dólar
Uma sequência de fatores contribui para a firme queda do dólar na sessão desta quarta-feira. A queda chegou a ser de mais de 1%, levando a cotação para baixo dos R$ 3,30, nas mínimas do dia. Num dia de dólar fraco pelo mundo, novidades do cenário político deram impulso adicional à queda. No entanto, a cautela ainda prevalece entre os agentes financeiros, o que explica a redução da queda da cotação.
Por volta das 13h45, o dólar comercial já diminuía o ritmo de queda e caía 0,67%, a R$ 3,3065. O contrato futuro para janeiro, por sua vez, caia 0,11%, em R$ 3,3090.
A decisão do PSDB em fechar questão a favor da reforma da Previdência animou os mercados locais. O posicionamento da legenda aumenta a pressão para que outros partidos sigam o mesmo caminho.
Apesar do sinal positivo, não se observa entusiasmo nas mesas de operação. A persistente cautela no mercado é atribuída ao sentimento já desgastado em relação à Previdência, após frustrações com a articulação político do governo. Alguns profissionais citam que o fato de representantes do Planalto já admitirem um adiamento da votação para o ano que vem. Outros apontam que, mesmo com a recomendação da cúpula do PSDB, ainda há divisão entre os políticos da sigla, podendo se refletir em votos contrários à reforma.
A cautela com viés mais positivo também vem da definição sobre o julgamento de Lula.
Uma aposta mais clara em ativos do Brasil, entretanto, só deve ocorrer quando houver uma posição definitiva sobre a candidatura de Lula. O petista é apontado por agentes financeiros como um dos principais riscos à atual direção da política econômica. Mesmo depois do julgamento no TRF-4, o processo ainda deve contar com recursos do petista antes de ser decidida, de fato, a elegibilidade ou não do ex-presidente.
Nesta quarta-feira, houve tempo ainda para reação ao cenário externo, após novos sinais de inflação ainda contida nos Estados Unidos. Apesar da recuperação da atividade no país, a reação nos preços é limitada, inibindo uma atuação mais agressiva de aperto monetário do Federal Reserve.
Hoje, a percepção dos dirigentes do banco central americano sobre essa conjuntura econômica deve ficar mais clara. O banco central americano anuncia decisão de juros no fim da tarde, sob expectativa quase consensual de que aumentará as taxas em 0,25 ponto percentual. O evento também contará com atualização das estimativas dos integrantes para os futuros movimentos. Até então, previam-se três altas em 2018.
Juros
Os juros futuros operam nesta quarta-feira com sinal positivo diante do alívio das preocupações na cena política.
A inclinação da curva, medida pela diferença entre o DI janeiro de 2023 e o DI janeiro de 2019, cai para 3,18 pontos percentuais, ante 3,27 pontos ontem. Com isso, reverte toda a alta de 0,09 ponto da terça-feira, mas ainda segue bem próximo das máximas históricas nesse trecho. Este é um dos principais termômetros de risco no mercado, indicando o prêmio exigido para posições em vencimentos mais longos.
O DI janeiro/2021 caía a 9,220% (9,320% no ajuste anterior) e o DI janeiro/2023 recuava a 10,130% (10,250% no ajuste anterior).
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