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Ibovespa testa recuperação, mas ritmo segue lento; dólar recua

15/12/2017 14h28

Depois do período de instabilidade e queda observado na bolsa, o Ibovespa arrisca um movimento de recuperação ainda modesto. Mas, na visão de especialistas, o ritmo do mercado deve continuar lento e o risco de novas quedas persiste, uma vez que a probabilidade de a reforma da Previdência ocorrer, de fato, em fevereiro, é considerada baixa.


Às 13h20, o Ibovespa subia 0,68% para 72.919 pontos. Mais cedo, tocou a máxima de 73.069 pontos.


Para o presidente da Canepa Asset, Alexandre Póvoa, a alta da bolsa hoje deve ser entendida como uma recuperação "episódica", e não como um movimento baseado em fundamentos, afirma. Para ele, a bolsa ainda não incorporou completamente o efeito do adiamento da reforma da Previdência, o que significa que há espaço para quedas adicionais do índice. "A bolsa ainda tem downside, ainda teria que cair mais um pouco para descontar o adiamento da reforma", afirma Póvoa, observando que a capacidade do governo aprovar a reforma em fevereiro ainda é uma grande dúvida, com baixa probabilidade de se confirmar.


Póvoa considera que um ajuste adequado ao índice neste momento seria uma queda de cerca de 10% em relação aos níveis atuais. E observa que a relativa resistência do mercado pode ser atribuído à expectativa pelo julgamento do ex-presidente Lula, que pode torná-lo inelegível. "A bolsa só não corrigiu mais por causa disso", afirma.


O fato de a bolsa estar "mais leve", com menos comprados, ajuda a explicar também essa relativa resistência, afirma. "De fato, o mercado já havia reduzido posições e está mais leve tecnicamente. Mas não acredito que haverá compras fundamentais, apenas reações pontuais", diz.


As ações com maior liquidez na bolsa se destacam nesta manhã no giro de negócios. A Petrobras PN tem o maior volume (R$ 362 milhões) e sobe 0,40%. Há algumas notícias impactando positivamente o papel: a concretização da oferta de ações (IPO) da BR Distribuidora, cuja ação estreia hoje na bolsa e registra alta de 2,93%; a assinatura de memorando de entendimento com a ExxonMobil para identificar e avaliar potenciais oportunidades de negócios; o início da venda da totalidade de sua participação da BSBios, empresa que atua no setor de biodiesel; e a alta do petróleo no mercado internacional.


A Vale ON vem em seguida, com giro de R$ 247 milhões. O papel avança 1,24% para R$ 36,69. A ação é movida pela valorização de 2,2% do minério de ferro no mercado chinês e também pela decisão do conselho da empresa de pagar juros sobre o capital próprio aos acionistas.


Os bancos também operam em leve alta, recuperando-se após o forte tombo observado nas últimas sessões, quando investidores venderam papéis de grande liquidez na bolsa diante da perspectiva do adiamento da reforma da Previdência. Banco do Brasil ON sobe 0,34%, Itaú avança 0,57% e Santander ganha 1,38%.


Dólar


Em dia de correção nos mercados locais, a queda do dólar é alimentada por uma relativa calma no exterior e a expectativa de entrada de recursos no país. O movimento positivo, entretanto, só é possível pela trégua na política.


O dólar caiu até R$ 3,3087 nas mínimas do dia quando caía 0,81%, garantindo ao real o segundo melhor desempenho diário entre as principais divisas globais. Ainda assim, a moeda americana chega a sua terceira semana consecutiva de alta, igualando-se às sequências de apreciação mais longas do ano.


Por volta das 13h20, o movimento desacelerava e a cotação estava em R$ 3,3178, em baixa de 0,64%


No mesmo horário, o contrato futuro para janeiro recuava 0,66%, a R$ 3,3246.


Além do exterior, há ainda a expectativa de entrada de recurso no país. Hoje, foi a estreia da ação da BR Distribuidora na Bolsa. E como aponta manchete doValor, os bancos têm recomendado que as empresas interessadas em emitir ações que corram para colocar suas operações no mercado até maio. Essa pressa é decorrente da proximidade da disputa eleitoral de 2018 num cenário incerto, ainda mais agora com o adiamento da votação da reforma previdenciária.


Isso não significa, porém, que a confiança tenha melhorado entre os investidores. "A poeira começa a baixar e muitos estão aproveitando para recompor posição", diz o operador de uma corretora paulista. A leitura por ora é de que o fluxo de notícias negativas parece ter se concentrado nos últimos dias, com o adiamento da reforma da Previdência. No entanto, o mercado está mais vulnerável a mudanças de humor no exterior e surpresas com informações eleitorais.


Na semana que vem, estão previstas reuniões do ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, com representantes das agências de classificação de riscos. Moody's e Fitch fizeram ontem alerta sobre o impacto negativo do adiamento da reforma da Previdência no rating do país. Entre os pontos de alerta estavam a falta de apoio político e a disputa eleitoral.


A reforma da Previdência ainda é possível, mas apenas uma estratégia de comunicação muito eficiente pode "virar a maré" durante um ano de eleição, diz a consultoria política Eurasia. A chance de aprovação da medida, calcula a instituição, caiu para 30% agora que o governo oficializou a intenção de votar a proposta só em 2018. Anteriormente, a probabilidade era medida em 40%.


O risco de rebaixamento do rating do Brasil aumentou e, de acordo com o estrategista da Coinvalores, Paulo Nepomuceno, o "downgrade" não estaria totalmente precificado nos ativos. "Caindo agora, ficamos ainda mais distantes do grau de investimentos", diz. Por isso, o potencial de piora é maior que a chance de melhora no mercado no curto prazo. "Uma ação de rating tende a piorar bastante o sinal", acrescenta o especialista.


Juros


A trégua na política abre espaço para correção nos juros futuros, que operam em baixa desde o começo da sessão desta sexta-feira. O ajuste também contribui para reduzir o prêmio embutido ao longo da curva. Profissionais de mercado alertam, no entanto, que o alívio tem limite principalmente por causa do risco de rebaixamento do rating do Brasil e a proximidade da disputa eleitoral de 2018.


Num sinal do respiro do mercado, o DI janeiro de 2021 recua a 9,270% no início do período vespertino. Se mantida até o fim do dia, a taxa volta para o mesmo nível do fechamento de segunda-feira, devolvendo assim movimento que a levou para 9,350% ontem. A queda das taxas é beneficiada ainda pelo recuo do dólar.


ODI janeiro/2019 opera a 6,950% (6,940% no ajuste anterior) e o DI janeiro/2020 marca 8,280% (8,340% no ajuste anterior)


O DI janeiro/2023 cede a 10,200% (10,250% no ajuste anterior).