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Ibovespa sobe 2% com aposta em condenação de Lula; dólar cai

24/01/2018 14h41

(atualizada às 14h50) O mercado já sabia que o julgamento do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva poderia abrir espaço para um rali na bolsa, a depender do resultado. Mas investidores optaram por antecipar esse movimento positivo, surpreendendo até os próprios operadores, que esperavam uma manhã de ritmo mais lento e com alguma cautela, a exemplo do que aconteceu ontem.


O que se vê hoje, no entanto, é um movimento de euforia, que levou o índice para cima dos 82 mil pontos pela primeira vez, sustentado por um forte giro de negócios. Comportamento que deixa no radar a possibilidade, inclusive, para que haja alguma "realização no fato", ou seja, para que o entusiasmo caso a condenação de Lula se confirme seja mais contido. Especialmente considerando que, dada a demora na leitura do voto do relator, João Pedro Gebran Neto, há risco de o desfecho não pegar o mercado aberto.


Às 14h50, o Ibovespa subia 1,85% aos 82.169 pontos. Mas chegou a tocar a máxima de 82.658 pontos mais cedo. Durante boa parte do dia, poucas ações operaram em queda, numa demonstração de que o movimento foi de "comprar bolsa" de forma geral.


O volume financeiro também ganhou tração durante a manhã e, antes mesmo que Nova York começasse a operar, chegou a projetar R$ 10 bilhões no dia, o que supera a média recente, de pouco mais de R$ 6 bilhões.


Profissionais destacam também o ambiente externo muito positivo que abre espaço para essa reação tão positiva. As bolsas americanas operam em alta firme, enquanto o dólar cai com força ante divisas emergentes, inclusive o real. "O mercado local acompanha, essencialmente, o movimento externo", diz o gestor de um fundo paulista.


Em meio à onda de euforia, ações de empresas estatais se destacam com forte valorização e também forte giro de negócios. Banco do Brasil ON está entre as maiores altas do dia e avançava 4,10%, com forte giro de R$ 346 milhões.


Já Petrobras deixa de lado a queda do petróleo no mercado internacional e opera em alta de 3,50% (PN) e 3,61% (ON).


Também entre as maiores altas do dia, Eletrobras ON sobe 3,81% e Eletrobras PNB ganha 3,54%, reagindo também à notícia de que a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) suspendeu a determinação de que a estatal realizasse um pagamento à Conta de Consumo de Combustíveis (CCC), de R$ 2,9 bilhões até o fim de janeiro.


Dólar


Alvo de operações mais defensivas nos últimos dias, o dólar retoma a trajetória de queda nesta quarta-feira e ronda os menores níveis desde outubro do ano passado.


Na mínima, o dólar comercial caiu até R$ 3,1821, menor nível desde 20 de outubro quando tocou R$ 3,1719. Em termos percentuais, a baixa intradia de 1,69% nesse momento foi a mais acentuada desde 19 de maio quando o dólar chegou a recuar 3,89%.


Por volta das 14h50, o dólar comercial caía 1,30%, a R$ 3,1948.O contrato futuro para fevereiro, por sua vez, baixava 1,50%, a R$3,1925.


A melhora dos ativos domésticos reflete também ajustes de operações defensivas que foram montadas nos últimos dias e também em um contexto externo bastante favorável. Numa lista de 33 divisas globais, todas ganhavam terreno ante a moeda americana. O real, por sua vez, tinha o melhor desempenho do dia, seguido pelo peso colombiano e a libra esterlina.


A decisão no tribunal deve afetar as expectativas para o quadro eleitoral de 2018. O alinhamento entre todos os magistrados diminui as chances de Lula disputar a Presidência, sendo este o cenário principal de boa parte dos investidores. No entanto, não é um ponto final no longo caminho a ser percorrido até o resultado das urnas. Por isso, não se descarta alguma realização de lucros mesmo com a confirmação das expectativas.


O julgamento de Lula deixa a percepção de um ambiente "bimodal" daqui para frente. Isso porque a participação do petista com chances de vitória na disputa eleitoral eleva dúvidas sobre o futuro da política fiscal e de inflação. Por outro lado, o impedimento da candidatura do ex-presidente poderia abrir caminho para que os demais candidatos se alinhassem à atual agenda econômica.