Dólar sobe 0,6% em semana dominada por Fed
O real destoou de algumas moedas correlacionadas às commodities e voltou a perder valor ao longo desta semana. No fechamento desta sexta-feira, o dólar até caiu 0,21%, valendo R$ 3,2402, mas ganhou 0,61% no acumulado dos últimos cinco pregões.
Em fevereiro, a moeda americana sobe 1,89%, reduzindo a queda no ano para 2,21%.
Nesta sexta-feira, o câmbio chegou a piorar mais claramente o sinal pouco após a agência de classificação de risco Fitch rebaixar a nota de crédito soberano do Brasil de "BB" para "BB-", aprofundando o país no grau especulativo.
Mas o movimento teve "vida curta", também na esteira da recuperação da demanda por ativos de risco no exterior, à medida que os juros dos Treasuries caíam e as bolsas de valores de Nova York ampliavam os ganhos no fim da tarde.
O mercado cambial no Brasil operou ao longo desta semana alinhado ao exterior, embora o real ainda tenha ficado para trás ante vários de seus pares. E esse "desenho" não deve mudar substancialmente na semana que vem, quando, novamente, o noticiário em torno do Federal Reserve (Fed, BC americano) dará o tom nos mercados.
Na quarta-feira, haverá o testemunho no Congresso americano do atual presidente do Fed, Jerome Powell. Hoje, relatório semestral do Fed indicou um BC americano menos inclinado a altas agressivas nos juros, o que por sua vez deu suporte a algumas moedas emergentes e ao mercado acionário em Wall Street.
No plano doméstico, o noticiário sobre as eleições continua a atrair atenções. Esta sexta-feira foi a primeira sessão após, ontem, o ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, admitir mais claramente a possibilidade de concorrer às eleições presidenciais.
A sinalização de Meirelles adiciona uma dose de incerteza a um xadrez político que já deixa mais perguntas do que respostas. Especialmente num momento em que mais notícias dão conta de que o próprio presidente Michel Temer poderia se candidatar. A maior preocupação do mercado é que haja convergência de votos para um candidato que dê sequência à atual política econômica. Numa eventual disputa entre presidente e ministro, o risco é que os votos fiquem mais pulverizados.
"Certamente essa é uma questão que vai ganhar corpo e entrar nas contas do mercado, mas por ora não parece o caso", diz Luis Laudísio, da Renascença. "De qualquer forma, é provável que quem estiver na Fazenda apenas 'toque a bola' de lado", acrescenta, referindo-se a administrar os dados econômicos positivos e a expectativa de reforma previdenciária apenas para o ano que vem.
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