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Recuperação gradual da atividade reforça cenário de Selic baixa

01/03/2018 16h40

Os investidores do mercado de juros futuros se mostram cada vez mais confortáveis em apostar num ambiente de inflação controlada e nível baixo da Selic. Os sinais de que a atividade está se recuperando de maneira apenas gradual reforçam o cenário de que a economia ainda se beneficia do estímulo monetário.


Nesta quinta-feira, aumentaram ligeiramente as apostas de novo corte da taxa básica. Os contratos de Depósito Interfinanceiro (DI) projetam mais de 60% de probabilidade de uma queda de 0,25 ponto percentual da Selic em março. Até a sessão passada, a chance girava em torno de 55%.


O que abriu espaço para o movimento no mercado foi a frustração com o resultado do Produto Interno Bruto (PIB) do quarto trimestre do ano passado. Entre outubro e dezembro, a economia cresceu apenas 0,1%, com desaceleração da demanda doméstica. E os números vem na sequência de dados mais fracos de emprego.


Sob uma perspectiva de "amplo" hiato do produto - diferença entre o PIB efetivo e o PIB potencial - e de "baixa" inflação corrente, o UBS revisou para menos sua expectativa para a Selic neste mês, citando a "ainda moderada recuperação" econômica. O banco passou a ver corte de 0,25 ponto percentual, para 6,5% ao ano. Antes, o UBS previa estabilidade do juro básico em 6,75%.


Talvez tão importante quanto o ponto final do ciclo é a duração do juro baixo. Para a economista-chefe da ARX Investimentos, Solange Srour, a "folga" do mercado de trabalho e no setor de bens capital dá conforto para o Banco Central manter as taxas baixas por algum tempo. Em algum momento a Selic no Brasil tem de sair de terreno expansionista para um nível neutro. "Mas dificilmente sobe neste ano", acrescenta.


Sinal de que essa leitura perpassa o mercado, os juros futuros de prazos intermediários voltaram a cair, a despeito do ambiente externo mais adverso nesta quinta-feira. No fim da sessão regular, a taxa projetada pelo DI janeiro de 2019 caiu 1,5 ponto-base para 6,560%. Com queda de mesma magnitude, o DI janeiro de 2020 saiu de 7,550% para 7,540%.


Antes de aprofundar as apostas, entretanto, os participantes do mercado ainda buscam sinais mais concretos da inflação. O diretor do Banco Central Carlos Viana se reuniu com investidores na manhã e na tarde desta quinta-feira em São Paulo. O encontro com o economista serve de base para formação do cenário usado no Relatório Trimestral de Inflação (RTI), que será divulgado em 29 de março. Nesta sexta-feira, o BC realiza reunião no Rio de Janeiro.


No fim da sessão regular, o DI janeiro/2021 ficou estável em 8,450%.Entre vencimentos mais longos, o DI janeiro/2023 subiu a 9,290% (9,250% no ajuste anterior) e o DI janeiro/2025 avançou a 9,670% (9,640% no ajuste anterior), em linha com a alta do dólar e queda das bolsas globais.