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Inflação pelo IGP-M deve ficar entre 0,20% e 0,25% em março, diz FGV

09/03/2018 13h22

Minério de ferro, leite e soja mais caros no atacado conduziram à aceleração da primeira prévia do Índice Geral de Preços - Mercado (IGP-M), que subiu de 0,16% para 0,60% entre fevereiro e março. No entanto, esse ritmo de aceleração não deve durar, e o indicador fechado deve finalizar o mês com alta dentre 0,20% e 0,25%, segundo André Braz, economista da Fundação Getulio Vargas (FGV).


O especialista lembrou que a primeira prévia de março, na prática, engloba os últimos dez dias do mês de fevereiro. Este mês, a evolução de preços dos três itens não parece mostrar aumentos tão intensos quanto os do mês passado, e o economista disse esperar suavização das altas de minério, leite e soja ao longo de março - o que, na prática, deve conduzir a um IGP-M fechado inferior à taxa da primeira prévia do mesmo mês.


Ele detalhou que, de fevereiro para março, houve mudança na trajetória de preços de minério (-2,41% para 4,15%); soja (-1,10% para 4,51%); e leite in natura (-3,78% para 4,89%). Enquanto o minério passa por movimento de recuperação de preços no cenário internacional, a soja tem sido afetada pelas notícias de quebra de safra na Argentina, o que diminui oferta e eleva preços do item, tanto no mercado doméstico quanto no internacional. O leite por sua vez passa por período de entressafra, o que encarece preços.


Braz chamou atenção para o peso expressivo dos três itens na formação da inflação atacadista - que, por sua vez, representa 60% do IGP-M. A soja tem fatia de 5,2% no cômputo de preços no atacado; o minério, 5,4%; e o leite, 1,75%. "Juntos, eles são mais de 10% [do atacado]", considerou o especialista.


Isso fez com que a inflação atacadista apurada pelo Índice de Preços ao Produtor Amplo (IPA) saltasse de 0,05% para 0,83% entre a primeira prévia de fevereiro e igual prévia em março. Entretanto, o especialista reiterou não acreditar que os aumentos em minério, soja e leite prosseguirão na mesma magnitude. "Não vai continuar. E com isso teremos menos pressão [no IPA]", disse ele, afirmando que a taxa mais provável para o IGP-M fechado do mês caminha para em torno de 0,25%.


Ao ser questionado se, no varejo, esses aumentos de soja e de leite no atacado poderiam ser repassados a seus respectivos derivados no varejo, com impacto no Índice de Preços ao Consumidor (IPC), que representa 30% do IGP-M, Braz comentou que o repasse, se ocorrer, não será tão imediato. "Se houver, vai ser discreto, ao longo de março", afirmou.