Real segue bom humor externo, mas com menos intensidade
Os vendedores de dólar tiveram mais força neste começo de semana, mas não a ponto de derrubarem a moeda do patamar de R$ 3,30 estabelecido na semana passada.
No fechamento, a cotação caiu 0,40%, a R$ 3,3040. Na mínima, a taxa desceu a R$ 3,2932, mas não se sustentou aquém dos R$ 3,30.No mercado futuro, o dólar para abril cedia 0,17%, a R$ 3,3075.
O real segue vários de seus pares emergentes e de perfil correlacionado às commodities, numa segunda-feira marcada pela demanda por ativos de risco.
Mas a divisa brasileira tem desempenho aquém de vários de suas rivais. O dólar australiano subia 0,7%, enquanto peso mexicano e rand sul-africano ganhavam quase 1%. Na América Latina, o peso colombiano se apreciava 1,5%, melhor desempenho global.
A performance mais limitada do câmbio doméstico pode ser percebida também em março e no acumulado de 2018. O real ainda perde 1,86% no mês, segundo pior desempenho global (a lira turca cai 4,12%). No ano, a moeda brasileira pouco oscila (alta de 0,29%), ante valorização de 7% do peso mexicano e de 6,5% do peso colombiano.
Alguns analistas citam a saúde das contas externas e a perspectiva de melhora do clima econômico doméstico como fatores a sustentar o real. Dessa forma, a taxa de câmbio estaria nos atuais patamares excessivamente depreciada.
Porém, outros entendem que o aperto das condições monetárias no exterior associada ao menor prêmio de risco oferecido pelo câmbio (com os juros locais nas mínimas históricas) e ao quadro eleitoral ainda incerto no Brasil pesará sobre o real nos próximos meses.
O Santander Brasil, por exemplo, vê dólar a R$ 3,38 já no fim do segundo trimestre, com a moeda alcançando R$ 3,50 ao término tanto de setembro quanto de dezembro. Para o banco, além da compressão dos diferenciais de juros e da incerteza eleitoral, o "constante" adiamento de reformas fiscais levarão a um aumento do risco-país (CDS de cinco anos), medida considerada um importante "driver" para o câmbio.
Com o cenário ainda nebuloso, a Icatu Vanguarda prefere posições mais táticas (de curto prazo) em câmbio. A gestora ainda acredita num cenário doméstico "bastante positivo" ciclicamente, com pano de fundo benigno para emergentes e o Brasil. Porém, já vê acúmulo de evidências "potenciais" de que o quadro internacional está mudando.
"Entendemos que o cenário externo apresenta um peso grande sobre o desempenho do real, e o cenário eleitoral poderá trazer volatilidade de curto-prazo", afirmam gestores da casa.
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