Dólar tem maior alta desde dezembro de 2017
O dólar voltou a subir forte ante o real nesta terça-feira (27), deixando para trás resistências técnicas e levando investidores a cogitar taxas mais próximas de R$ 3,40 no curto prazo. Ante uma cesta de moedas, o real já está nos menores níveis em quase dois anos.
A moeda americana fechou em alta de 0,75%, para R$ 3,3289. É o maior patamar desde 22 de dezembro do ano passado (R$ 3,3345).
Na máxima, a cotação foi a R$ 3,3360, superando com folga uma importante linha de resistência em torno de R$ 3,3174. O próximo alvo é R$ 3,3467, pico de dezembro passado. Para além desse patamar estão R$ 3,3488 (máxima de junho de 2017) e R$ 3,4083, taxa alcançada em 18 de maio, um dia após o estouro das delações da JBS que ameaçaram o governo do presidente Temer.
"No prazo mais longo ainda temos a taxa de R$ 3,5789 em nosso cenário", diz em nota Axel Rudolph, analista sênior do Commerzbank.
Analistas afirmam que o cenário macroeconômico ainda é favorável ao câmbio doméstico, mas reconhecem que a contínua queda dos diferenciais de juros tem deixado o real mais suscetível a ajustes negativos. A moeda brasileira já teve um dos piores desempenhos globais na semana passada, quando o Copom surpreendeu ao deixar a porta aberta para novo corte dos juros. E, hoje, voltou a figurar entre as piores, após o colegiado do Banco Central reiterar a mensagem de que a Selic poderá tocar novas mínimas recordes.
"Em algum momento, dado que o ciclo está mais próximo do fim, o real vai se estabilizar. Mas agora precisa chegar a um novo ponto de equilíbrio, que é mais baixo", diz Roberto Serra, gestor sênior de câmbio da Absolute Investimentos.
O diferencial de juros sempre foi um dos argumentos mais citados para explicar a dificuldade de se carregar posições vendidas na moeda brasileira. Mas desde setembro de 2015 esse "spread" a favor do câmbio local vem diminuindo. Naquele período, a diferença entre a taxa do swap DIxPré 360 e os juros nominais dos Treasuries de um ano era de quase 16 pontos percentuais. Hoje, está em 4,25 pontos.
Em outras palavras, proteger via câmbio aplicações em outros mercados deixou de ser proibitivo como no passado.
A tese do juro baixo ainda é avaliada com ressalvas por analistas, uma vez que não explica todos os ciclos do real. Mas, neste momento, a somatória entre aperto monetário nos Estados Unidos, história positiva em outros mercados brasileiros (Bolsa e renda fixa), posição técnica desfavorável ao real e aversão a risco global tem sido argumento para explicar a performance aquém da divisa brasileira.
Andréa Damico, economista sênior do Bradesco, lembra que a moeda brasileira é conhecida pelo "beta" alto ? ou seja, varia mais em relação a seus pares tanto em momentos de otimismo quanto de piora nos mercados. Ela considera que a desvalorização do câmbio neste mês está associada a uma menor oferta de dólares, com dados do Banco Central mostrando saída líquida de US$ 5,848 bilhões de investimentos em portfólio em março até dia 21.
"Além disso, as rolagens de empréstimos estão mais baixas", acrescenta. Segundo o BC, a taxa está em 56% no mês até dia 21. Ou seja, pouco mais da metade dos vencimentos foram postergados, o que implica redução de oferta de moeda estrangeira.
O Bradesco, porém, ainda vê o câmbio em R$ 3,20 por dólar até o fim do ano, baseado na expectativa de resultado eleitoral que fortaleça reformas econômicas. "E não acreditamos que o mundo entrará numa guerra comercial, risco que tem afetado os mercados recentemente", diz Andréa, sobre perspectivas futuras.
O BNP Paribas considera a possibilidade de uma taxa ainda mais baixa: R$ 3,00 até o fim do ano. A equipe de estratégia para a América Latina, chefiada por Gabriel Gersztein, diz que o real entrou em território "excessivamente fraco" e que esse movimento foi ditado pelo aumento dos spreads de juros nos EUA."Por isso, esperamos estabilização no curto prazo", afirmam os profissionais em relatório.
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