Ibovespa perde fôlego e opera e leve queda; dólar bate R$ 3,33
A alta do Ibovespa teve fôlego curto e, no fim da manhã, o índice voltou a operar em leve queda. Ainda que operadores insistam em dizer que as perspectivas para o mercado são positivas, faltam 'drivers' neste momento que empurrem a bolsa para frente.
Às 13h38, o Ibovespa caía 0,37% para 84.774 pontos. Mais cedo, atingiu a máxima de 85.296 pontos.
Segundo relatório do Itaú BBA, o Ibovespa está se aproximando do próximo ponto de resistência, de 85.600 pontos e, se romper esse limite, vai subir em direção aos 86.200 pontos, segundo análise gráfica do Itaú BBA. Ontem, o Ibovespa fechou em 85.088 pontos. "Para ganhar tração, o índice precisa superar a resistência dos 85.600 pontos", diz o relatório distribuído nesta manhã. O Itaú BBA chama atenção ainda para o suporte, de 83.800 pontos, "primeiro ponto de stop para o Ibovespa no curto prazo que poderá estender o movimento de queda até a região de forte suporte em 79.600 pontos."
O destaque positivo hoje foram, mais uma vez, ações do setor de varejo. Via Varejo é a maior alta do índice (4,93%), seguida de Pão de Açúcar (4,45%). Segundo operadores, as ações reagem à notícia publicada pelo "O Globo" de que os grupos Casino e Amazon negociam algum tipo de parceria no Brasil envolvendo a Via Varejo.
A possibilidade de expansão da atuação da gigante de e.commerce no Brasil provoca efeito inverso sobre Magazine Luiza que, hoje, recua 2,33%. O papel ontem alcançou a marca inédita de R$ 100 justamente porque o mercado vê boas perspectivas em seu negócio de comércio eletrônico.
Na agenda corporativa, o destaque são os balanços de Eletrobras e CSN. A estatal registrou prejuízo de R$ 1,76 bilhão em 2017, influenciado principalmente por provisões operacionais no montante de R$ 5,747 bilhões, das quais R$ 1,1 bilhão em provisões operacionais no segmento de distribuição, e pelo prejuízo das distribuidoras da companhia, no valor de R$ 4,179 bilhões. A ação ON cai 149% e a PNB, -2,42%.
Já a CSN (0,58%) divulgou ontem seu resultado do quarto trimestre, após atrasos em temporadas anteriores. A empresa registrou um lucro líquido de R$ 377,4 milhões, revertendo prejuízo de R$ 55,7 milhões.
A maior queda do índice, no entanto, é Sabesp ON (-7,41%), em reação à nota técnica da Arsesp com a proposta de cálculo da tarifa média máxima da 2ª revisão tarifária ordinária da empresa. A proposta reduziu o montante da base de ativos em relação à primeira etapa da revisão e o índice de reajuste ficou levemente abaixo das expectativas, segundo relatório da XP Investimetnos.
Dólar
O dólar volta a ganhar força nesta terça-feira, não apenas devolvendo toda a queda de ontem como renovando máximas desde dezembro passado, acima de R$ 3,33. A cotação segue a romper resistências técnicas que, segundo analistas, abrem caminho para o teste do patamar de R$ 3,40, última vez alcançado logo após as delações da JBS, em maio passado.
Os compradores de dólar não dão o tom apenas no Brasil. A moeda mostra firme recuperação em todo o mundo, cenário oposto ao da véspera, quando caiu de forma generalizada em meio a sinais de alívio nas preocupações de guerra comercial entre EUA e China. Hoje, porém, a combinação entre inflação baixa na Europa (que derruba o euro) e uma acomodação na demanda por risco dá algum suporte à divisa americana.
No plano doméstico, no entanto, o desempenho do dólar é mais forte. O real é a divisa que mais cai nesta sessão, ocupando o posto de segunda pior performance no mês. Mesmo a queda do dólar ontem no Brasil foi menos intensa do que no exterior.
Analistas afirmam que o cenário ainda é favorável ao câmbio doméstico, mas reconhecem que a queda constante dos diferenciais de juros tem deixado o real mais sustentível a um ajuste de baixa. A moeda já teve um dos piores desempenhos na semana passada, quando o Copom surpreendeu ao deixar a porta aberta para novo corte dos juros. E hoje lidera as quedas globais após o colegiado do Banco Central reiterar a mensagem de que a Selic poderá tocar novas mínimas recordes.
"Em algum momento, dado que o ciclo está mais próximo do fim, o real vai se estabilizar. Mas agora precisa chegar a um novo ponto de equilíbrio, que é mais baixo", diz Roberto Serra, gestor sênior de câmbio da Absolute Investimentos.
O diferencial de juros sempre foi um dos argumentos mais citados para explicar a dificuldade de se carregar posições vendidas na moeda brasileira. Mas desde setembro de 2015 esse spread a favor do câmbio local vem diminuindo consistentemente. Naquele período, a diferença entre a taxa do swap DIxPré 360 e os juros nominais dos Treasuries de um ano era de quase 16 pontos percentuais. Hoje, está em 4,25 pontos.
Seja por qual motivo for, o fato é que o dólar tem superado resistências técnicas importantes, o que destrava o caminho para novas máximas. A R$ 3,3324 (máxima desta terça-feira), o próximo alvo é a taxa de R$ 3,3467, pico de dezembro passado. Para além desse patamar estão R$ 3,3488 (máxima de junho de 2017) e R$ 3,4083 - pico alcançado em 18 de maio, um dia após o estouro das delações da JBS que ameaçaram o governo do presidente Temer.
"No prazo mais longo ainda temos a taxa de R$ 3,5789 em nosso cenário", diz em nota Axel Rudolph, analista sênior do Commerzbank.
Às 13h40, o dólar comercial subia 0,76%, a R$ 3,3290. O dólar para abril avançava 0,56%, a R$ 3,3300.
Juros
Os juros futuros de curto prazo se ajustam em alta à percepção de que o ciclo de flexibilização monetária está chegando perto do fim. Hoje, o Copom explicitou em ata que talvez seja necessário algum tempo para avaliar a evolução da economia e sua reação aos estímulos monetários. Por isso, os dirigentes preferiram comunicar que seria mais adequada a interrupção do processo de flexibilização monetária após corte da taxa em maio, visando avaliar os próximos passos.
Sinal desse ajuste, as taxas dos contratos de DI com vencimento no curto prazo operam em alta nesta terça-feira. O DI janeiro de 2019 sobe 2 pontos-base, para 6,235%, e o DI janeiro de 2020 avança 3 pontos, para 7,070%.
Algo que começa a ser discutido entre profissionais de mercado é a possibilidade de o Copom retomar o ciclo de cortes após uma interrupção no meio do ano. Esse cenário, também de apostas minoritárias, se apoiaria na característica "data dependent" da comunicação, ou seja, a indicação do comitê de que irá acompanhar e reagir aos indicadores que serão conhecidos.
Na avaliação da economista-chefe da ARX Investimentos, Solange Srour, o Copom deixa claro que é sensível a mudanças no cenário, para um lado ou para o outro.
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