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Analfabetismo cai no Brasil, mas 11,5 milhões não sabem ler, diz IBGE

18/05/2018 10h07

Apesar do longo caminho ainda a percorrer, o Brasil avança lentamente na redução do analfabetismo. O país tinha 11,46 milhões de pessoas de 15 anos ou mais de idade que não sabiam ler ou escrever um bilhete simples em 2017. Eram 11,76 milhões no ano anterior. Desta forma, a taxa de analfabetismo brasileira recuou de 7,2% em 2016 para 7% em 2017.

A Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad Contínua), divulgada nesta sexta-feira pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), mostrou queda do analfabetismo entre homens (de 7,4% para 7,1%) e mulheres (7% para 6,8%), assim como entre pessoas de cor branca (4,2% para 4%) e preta ou parda (9,9% para 9,3%).

A pesquisa mostrou ainda que o analfabetismo tem um perfil predominante: são pessoas de 60 anos ou mais de idade da região Nordeste. Esse dado é explicado pelo déficit histórico de acesso à educação verificado especialmente no meio rural do país. Dos 11,5 milhões de analfabetos, 6,4 milhões estão no Nordeste. Destes, 3 milhões tem 60 anos ou mais.

"Pessoas mais novas tendem a ser escolarizadas, com a universalização do acesso [ao ensino]. Pessoas mais velhas têm, assim, maior probabilidade de serem analfabetas. Além disso, o acesso à educação foi diferente entre as regiões ao longo da história. Assim, Norte e Nordeste têm taxas maiores de analfabetismo", disse Marina Aguas, técnica do IBGE.

O analfabetismo era realidade para 14,5% na população do Nordeste de 15 anos ou mais em 2017, o dobro da média nacional. No ano anterior, essa taxa estava em 14,8%. Os indicadores melhoraram no Sul (de 3,6% em 2016 para 3,5% em 2017) e Sudeste (3,8% para 3,5%). O analfabetismo também melhorou no Norte (de 8,5% para 8%) e no Centro-Oeste (de 5,7% para 5,2%).

Os indicadores levantam dúvidas sobre a eficácia dos programas voltados para alfabetização de adultos (15 anos ou mais) no país. De acordo com a Pnad Contínua, o número de pessoas frequentando aulas de alfabetização de jovens e adultos (AJA) recuou de 153 mil em 2016 para 118 mil no ano passado, baixa de 22%.

O analfabetismo de pessoas de 60 anos ou mais no país até encolheu, de 20,4% para 19,3%, mas esse movimento seria, em boa medida, reflexo de um efeito demográfico e não necessariamente a alfabetização de idosos. "Isso tem também a ver com o envelhecimento de pessoas mais escolarizadas, que entram para esse grupo, e também com a morte de pessoas mais velhas", disse Marina.

Com o lento progresso, o Brasil segue distante de atingir a meta oficial de erradicar o analfabetismo até 2024, como previsto no Plano Nacional de Educação (PNE), de 2014. O país já descumpriu uma meta intermediária desse mesmo plano, de reduzir o indicador para 6,5% em 2015. O IBGE evitou, no entanto, apontar que a meta tende a não ser alcançada.

Vale lembrar que o IBGE não trabalha mais com o conceito "analfabetismo funcional" em sua pesquisa. Esse indicador era calculado levando em consideração a proporção de pessoas de 15 anos ou mais de idade com menos de quatro anos de estudo em relação ao total de pessoas do mesmo recorte etário. Para o IBGE, esse conceito seria insuficiente para determinar se alguém é analfabeto ou não.

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Posição do Brasil

Mesmo com os avanços conquistados na última década, o Brasil ainda exibe uma das piores taxas de analfabetismo de jovens e adultos (15 anos ou mais de idade) entre os países da América Latina e Caribe. Num ranking de 21 países da região compilados pela Unesco, o país apresenta a 15ª maior taxa, de 7%, a mesma registrada pelo Suriname.

Se o país fosse representado no ranking pela região Nordeste, onde o analfabetismo atinge 14,5% da população, ficaria atrás apenas da Guatemala (19%), na última posição. Se fosse representado pela região Sul, onde a taxa de analfabetismo é de 3%, apareceria em sétimo. O ranking é liderado por Cuba, com taxa de analfabetismo zero.

De acordo com os dados da Unesco, divulgados em outubro de 2017, a taxa de analfabetismo recuou de 18,5% em 2000 para 14% em 2016 na média mundial. Essa taxa, no entanto, era bem maior em algumas regiões do globo, como 35% na África Subsaariana e 39% na média de países de renda média mais baixa.