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Dólar opera em nova alta e chega a bater R$ 3,77

18/05/2018 16h47

O dólar opera em alta novamente nesta sexta-feira após romper barreiras ontem. Às 16h40, o dólar comercial subia 1,10%, a R$ 3,7424. Na máxima, foi a R$ 3,7760, novo pico intradia desde 16 de março de 2016 (R$ 3,8523).
Apenas nesta semana, o dólar salta 3,7%. No mês, os ganhos vão a 6,6%, enquanto, no ano, a cotação avança 12,7%.
O real permanece entre as moedas de pior desempenho nos mercados globais de câmbio nesta sexta-feira. Junto com lira da Turquia, país que sofre com inflação de dois dígitos e grande ceticismo em relação à política econômica, quadro diferente do brasileiro.
Analistas associam o novo dia de pressão no câmbio a uma certa frustração com o fato de o Banco Central (BC) não ter reforçado a oferta de dólar no mercado, mesmo depois de a moeda ter subido no dia anterior, apesar da surpresa com a estabilidade da Selic em 6,5%.
"Não há nada em termos de fundamento econômico que justifique o movimento do câmbio. Já passou da hora de o BC intervir com mais força", diz o profissional do banco em São Paulo. De acordo com ele, conter a volatilidade e corrigir distorções no movimento do câmbio "faz parte da essência" do que o BC tem dito nas últimas semanas. "É um movimento sem fundamentação micro nem macro, e se continuar vai contaminar todo o mercado, vai causar pânico", alerta.
O BC manteve hoje a oferta de 5 mil contratos "novos" de swap cambial. A expectativa é que, até o fim do mês, haja injeção líquida de US$ 3 bilhões no mercado de dólar futuro. Mas analistas já discutem a necessidade de atuações nos moldes da "ração diária" que vigorou entre 2013 e 2015.
A percepção do mercado de que o dólar pode voar ainda mais alto é expressa de várias formas, entre elas via dados do mercado de opções de câmbio da B3. Esse mercado ainda não tem giro expressivo diário, mas as mudanças de posições podem ser vistas como um sinal da alteração de humor e de estimativas de investidores.
No fim de abril, por exemplo, a opção de compra de dólar vencimento junho com "strike" (preço de exercício) em R$ 3,5000 era a que concentrada a maior quantidade de contratos: 9.185 ao todo. Ontem, o vencimento com maior posição já apontava dólar a R$ 3,6500. Mas o que chama mais atenção é a abertura de posições com preço de exercício em R$ 3,9500 (3.200 contratos no total). No fim de abril, essa posição estava zerada.
Na prática, alguns investidores já veem cenários em que a taxa de câmbio pode testar R$ 3,9500, o que deixaria a marca psicológica de R$ 4,0000 - até pouco tempo atrás impensável) a um passo.
Ainda na B3, números revelam que a demanda por dólares tem partido sobretudo de investidores estrangeiros. Apenas na quinta-feira, eles compraram, em termos líquidos, US$ 1,321 bilhão - considerando contratos de dólar futuro e cupom cambial. É a maior compra líquida para um dia desde o último dia 24 de abril (US$ 2,556 bilhões).
Com isso, os estrangeiros elevaram a posição líquida comprada em dólar - ou seja, que ganha com a valorização da moeda americana - a US$ 25,592 bilhões. É o maior patamar desde 22 de outubro de 2015 (US$ 26,588 bilhões), período em que os ativos brasileiros sofriam com crise de confiança no país, o que acabou levando o dólar em setembro daquele ano a uma máxima histórica perto de R$ 4,25.
E não bastasse a dinâmica doméstica negativa para o câmbio, o exterior segue marcado por forte desvalorização de divisas emergentes. E, pelo menos para o Bank of America Merrill Lynch, esse movimento vai continuar. Estrategistas do banco americano acreditam que o rali do dólar no mundo ainda não está concluído e que o sentimento para as moedas emergentes não se encontra "suficientemente" negativo para sinalizar oportunidade de compra dessa classe de divisas.