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Ibovespa volta a subir; dólar bate R$ 3,76

01/06/2018 13h59

(atualizada às 15h) O Ibovespa caminhava nesta sexta-feira para ter um dia de alívio depois de encerrada a greve dos caminhoneiros. A tranquilidade do mercado no primeiro pregão de junho, no entanto, deu lugar a um ambiente de enorme tensão, depois que Pedro Parente pediu demissão da presidência da Petrobras.

Depois de apontar queda, o principal índice da bolsa brasileira voltou ao terreno positivo. Às 14h55, o Ibovespa subia 072%, aos 77.308 pontos, depois de ter conseguido, na máxima, atingir os 78.169 pontos (+1,84%). Na mínima, o índice tocou 75.524 pontos.

Petrobras ON cedia 12,93% e Petrobras PN recuava 12,7%. Outras empresas têm seu movimento afetado pela notícia sobre Parente, entre elas a BRF (+8,12%), que dispara com a expectativa de que o executivo saia da estatal de petróleo para comandar a companhia de alimentos ? ele já é presidente do conselho da BRF.

O pedido de demissão de Parente joga no mercado o receio de que a companhia terá boa parte do seu valor destruído. As preocupações de ingerência política na empresa crescem porque o executivo era a figura responsável pela gestão autônoma na definição dos preços dos combustíveis e em outras iniciativas, como venda de ativos e controle do endividamento.

A greve dos caminhoneiros, que levou o governo a adotar uma série de subvenções fiscais para fazer frente ao problema, abriu também uma crise na Petrobras, porque obrigou a empresa a reduzir e congelar os preços do diesel. O mercado já havia recebido mal a decisão e, agora, fica a dúvida sobre qual será o grau de independência da companhia daqui para frente, em especial com as eleições presidenciais. Em sua carta de demissão, Parente citou nominalmente que a greve colocou a política de preços da Petrobras "sob intenso questionamento".

"Agora precisaremos esperar a eleição para ter certeza de como investir na Petrobras. O papel vai sofrer uma grande volatilidade. O grau de incerteza aumentou muito e precisamos de uma maior visibilidade para construir uma tese de investimento nesse papel", afirma Karel Luketic, analista-chefe da XP.

A Petrobras já havia sofrido diversos ajustes em recomendação e preço-alvo por parte de alguns bancos por causa da decisão de congelar o preço do diesel para fazer frente à crise. Segundo um analista de uma grande instituição financeira, os motivos citados por Parente na sua carta de demissão estão em linha com a falta de clareza sobre a política de preços da empresa. "Isso era chave para a companhia", afirma a fonte.

Câmbio

A alta de mais de 6% do dólar em maio aparentemente não tirou fôlego da moeda para alcançar níveis ainda mais altos. A divisa americana sobe hoje pelo quinto pregão numa sequência de seis e, se fechar no patamar atual, renovará a máxima desde março de 2016, mais perto de R$ 3,80 do que de R$ 3,70.

E cresce o número de analistas com visões mais negativas para o real no curto prazo. Depois de Morgan Stanley ter encerrado ontem posição comprada em reais frente ao peso mexicano, hoje o Nordea Markets, braço do Nordea Bank (grupo de serviços financeiros da região nórdica da Europa), afirmou que a moeda brasileira continuará pressionada nos próximos meses, resultado da combinação entre incerteza política local, alta mundial do dólar e algum contágio psicológico derivado da crise argentina.

Mais cedo, o dólar até chegou a registrar queda, mas o movimento sucumbiu ao aumento da percepção de risco provocado pelo pedido de demissão de Pedro Parente.

O mercado como um todo foi contaminado pela sensação de maior incerteza com a governança da petrolífera, num momento de governo bastante fragilizado e com os mercados vendo pouco impulso a candidaturas pró-reformas no contexto da eleição presidencial do próximo mês de outubro.

Depois de tocar mínima de R$ 3,7212, o dólar subia 0,58% perto das 15 horas, para R$ 3,7573.Nesta sexta-feira, o real tem o segundo pior desempenho entre as principais divisas globais, melhor apenas que a combalida lira turca.

A reação negativa do câmbio poderia ser ainda pior sem as atuações já realizadas pelo Banco Central (BC) nesta manhã. Além de injetar mais US$ 750 milhões no sistema via colocação de 15 mil contratos de swap cambial, a autoridade monetária deu início às rolagens dos papéis vincendos em julho.

Dessa forma, além de manter a colocação diária de dinheiro "novo" no mercado, o BC sinaliza que não deixará que saiam do mercado US$ 8,762 bilhões em swaps que, inicialmente, venceriam em julho.