O pagamento por serviços ambientais (PSA) é uma forma de o produtor lucrar com a preservação dos recursos naturais.
Hoje, há diversas legislações municipais e estaduais que permitem ao agricultor receber dinheiro para recuperar solos, rios e florestas, sem plantação comercial ou cultivando produtos e criando animais conforme preceitos ambientais. Mas o valor pago ainda é baixo, dizem produtores.
O pagamento pode ser feito por empresas privadas, que precisam comprar créditos de carbono, por exemplo. Elas pagam para haver preservação em outro lugar, como compensação do impacto ambiental de suas atividades.
O modelo de pagamento aos produtores está previsto na Política Nacional de Pagamento por Serviços Ambientais, aprovada em janeiro, mas os mecanismos ainda não estão completamente regularizados no Brasil. Não entra dinheiro do governo nesses pagamentos.
O tema da restauração nunca foi tão atual. No fim do ano passado, a Assembleia Geral das Nações Unidas declarou o período 2021-2030 como a "Década da ONU da restauração de ecossistemas."
Em maio, sem contar os três últimos dias do mês, o desmatamento na Amazônia atingiu um recorde desde que começou a ser medido, em 2016, pelo Instituto de Pesquisas Espaciais (Inpe). Em 28 dias 1.180 quilômetros de floresta foram desmatados. O número representou um aumento de 41% em relação a maio de 2020.
O Sítio Duas Cachoeiras, de Amparo (SP), é um exemplo de propriedade restauradora. Situada na região da Serra da Mantiqueira, a propriedade tem uma Reserva Particular do Patrimônio Nacional (RPPN), unidade de conservação prevista no Sistema Nacional de Unidades de Conservação (SNUC). "É uma ferramenta de preservação. A única cuja gestão não é pública", afirma o proprietário Guaraci M. Diniz Jr.
Na propriedade, além da conservação e recuperação de solo, água e florestas nativas, são desenvolvidos trabalhos de cultivos agroecológicos, criação de animais e educação ambiental. Além da conservação e recuperação de solos e de água, o sítio tem produção agroecológica e um trabalho voltado para a educação ambiental.
"Existe um problema cultural sobre a recomposição. O produtor costuma achar que se não está produzindo ele está perdendo espaço na propriedade", diz.