Quem se lembra dos leilões presenciais de gado e cavalo realizados em recintos lotados e com a conversa correndo solta e alegre entre a plateia de produtores rurais? Os animais em oferta desfilavam pelo palco e os lances dados para adquiri-los giravam aceleradamente no placar eletrônico.
Negócio fechado, o martelo do leiloeiro ressoava pelo ambiente e em seguida a comemoração irrompia. Cumprimentos e abraços eram acompanhados de um drinque.
Mas em março e abril do ano passado a mudança veio rápida e foi radical. A pandemia do coronavírus fez com que o modelo presencial de leilões, predominante no país há mais de 50 anos, fosse substituído em quase 100% pelas vendas virtuais, seja pela TV, Internet e outros meios. O comprador passou a acompanhar a apresentação online do gado acomodado no sofá ou no escritório da sua propriedade.
Fazendeiros, diretores de empresas leiloeiras e analistas de mercado são unânimes ao avaliarem que os remates virtuais decretaram o fim das frutíferas trocas de experiências e informações entre os participantes, mas, de outro lado, apresentaram forte aumento no número de eventos, no preço médio dos animais e no faturamento bruto.
A maioria das vendas teve médias e receitas até 80% maiores, superando de longe as expectativas das empresas e dos proprietários dos animais.
"Superadas as incertezas iniciais, a temporada de 2020 foi excelente apesar da pandemia. Todo mundo ficou feliz. Houve adaptação por parte de vendedores e compradores, as receitas subiram e a liquidez foi a tônica", afirma Lourenço Campo, da Central Leilões, de Araçatuba (SP), que atua em todos os Estados. Ano passado, quase todos os leilões foram virtuais e alcançaram faturamento de R$ 1,2 bilhão.
E como a quantidade de pregões igualmente disparou, a receita agora em 2021 pode atingir picos "históricos", ele prevê.