Um dos atrativos dos biodefensivos é a redução do custo para o produtor. É possível produzir, na fazenda, os produtos a partir de bactérias e fungos, com uma redução de custo de 40%, em média.
Esse processo é chamado de Multiplicação Onfarm, feito em tanques próprios com cepas adquiridas em laboratórios. "Cada plantação tem características fisiológicas próprias, um ambiente específico", declara o presidente do Grupo de Agricultura Sustentável (Gaas), Rogério Vian. "É preciso analisar o microambiente para determinar quais são os biodefensivos indicados para a área e a partir daí, é possível produzir em pequena ou média escala."
Em Mato Grosso, o Grupo Bom Futuro cultiva 583 mil hectares de grãos e também apostou nos biodefensivos. Na fazenda Filadélfia, criou um laboratório de semioquímicos para grandes culturas para produção sob medida.
A Isca Tecnologias, fornecedora da fazenda, levou para lá profissionais para pesquisar e combater, com feromônios, pragas como a lagarta do cartucho nas roças de milho, percevejo e bicudo no algodão e ferrugem, na soja.
Agenor Mafra Neto, CEO da Isca, explicou que, por meio dos semioquímicos, os insetos são atraídos e mortos, evitando o uso de agroquímicos e danos à plantação ou ao meio ambiente. "Biodefensivos são uma nova janela no mercado. Antes, você tinha que cobrir toda a plantação com agroquímicos. Hoje, é possível, com alguns produtos, cobrir menos de 1% da área com pouca quantidade de biodefensivos e obter resultados melhores", disse.
Marcelo Poletti, da Promip, fundou sua empresa em 2006. De lá para cá, viu pipocar no mercado centenas de startups. "As startups chegam trazendo tecnologias que facilitam a adoção e multiplicam o conhecimento", afirmou. "Hoje, é possível acessar muitas tecnologias em todas as etapas do processo do controle de pragas com biodefensivos."
Segundo ele, o que dificultava a adoção dos biodefensivos em grandes culturas eram as grandes áreas de plantio. "Os biodefensivos agem de forma preventiva e medimos a incidência de pragas com armadilhas. Até alguns anos atrás, só tínhamos armadilhas de papel para serem espalhadas pela área plantada. Hoje, existem sensores, drones, armadilhas digitais", disse. "Antes, para monitorar 50 hectares, levávamos dois dias. Hoje, uma hora."