A radicalização política do país está causando uma divisão inédita no agronegócio, opondo grupos que apoiam a agenda de viés golpista do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) e outros preocupados com a imagem do Brasil e o relacionamento comercial com o exterior. Também há divergências sobre desmatamento ilegal e descontrole de queimadas.
Os porta-vozes do setor não admitem um racha, mas, sim, "diferentes interesses". Eles evitam se posicionar e se declarar abertamente, porque temem retaliações, mas nos bastidores, a divisão é clara: quem está do lado de dentro da porteira (produtores rurais) apoia o governo e, do lado de fora da porteira, agroindústria e tradings (negociadores no mercado internacional) temem retaliações comerciais aos produtos brasileiros, devido à crise de imagem.
O agro brasileiro só tem crescido nas últimas décadas. Em 1970, a participação do setor no PIB (Produto Interno Bruto) nacional era de 7,5%. Em 2020, já como maior produtor de soja do mundo, a participação subiu para 26,6%, conforme o Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea/USP).
E a tendência, segundo o órgão, é que em 2021, o PIB do agro continue crescendo. No acumulado do ano, já avançou 9,81% sobre o mesmo período do ano passado.
No ano passado, 48% das exportações totais brasileiras tiveram origem no agronegócio e, agora, esse percentual pode subir mais. Evitar turbulências que atrapalhem essa perspectivas é uma das preocupações de parte importante do setor.