Por ser uma cultura considerada pequena que tem na origem uma atividade bastante familiar - a produção de uvas —, o universo do vinho no Brasil sofre com alguma dificuldade na consolidação dos números da produção.
O diretor executivo da Agavi, Darci Dani, diz que hoje o Ministério da Agricultura não tem números sobre a produção brasileira de vinhos, apesar de ter iniciado recentemente um cadastro de produtores. Como o setor está bastante concentrado no Rio Grande do Sul, apesar do surgimento de novos e importantes polos produtivos, a secretaria de agricultura do estado gaúcho acaba sendo a referência.
Outro problema, segundo Darci Dani, é a falta de representatividade, situação que se agravou com a extinção do Instituto Brasileiro do Vinho (Ibravin) em 2019. O Ibravin era um órgão de referência para a produção em todo o país.
"Não temos mais atividade porque o estado [do Rio Grande do Sul] se negou a continuar o convênio", diz o diretor. A manutenção do instituto era feita pelos produtores gaúchos em parceria com o governo do estado.
Darci Dani, que foi conselheiro do Ibravin, diz que, desde que surgiu, todas as decisões no instituto eram tomadas por unanimidade entre indústria, cooperativas e produtores. Além disso, apesar de ser sediado e mantido pelo estado gaúcho, a orientação era voltada para os vinhos de todo o Brasil. Foi a partir do trabalho do instituto que surgiram marcas como Wine do Brasil e Suco do Brasil.
"O setor perdeu muita representação junto aos órgãos públicos", diz. "Isso dificulta a possibilidade de o setor ter ações em conjunto". Segundo ele, a própria Agavi tem tentado firmar convênios e prepara uma campanha publicitária para trabalhar a uva e o vinho que deve ser lançada até o final do ano.