De qualquer forma, as garantias exigidas serão sempre uma pequena fração do valor total do contrato, o que faz a operação em futuros ser extremamente alavancada - ou seja, usa poucos recursos para um grande ganho, ou perda. O investidor, não raro, consegue acessar contratos que valem dez vezes mais do que os bens dados em garantia.
Daí vem a possibilidade de lucros extraordinários, mas também de prejuízos pesadíssimos, já que, dada a desproporcionalidade em relação às garantias, variações mesmo pequenas nos preços dos ativos se traduzem em mudanças abruptas nos resultados da operação.
O planejador financeiro André Pauletto, associado à Associação Brasileira de Planejamento Financeiro (Planejar), dá como exemplo uma operação de boi gordo. Se o investidor compra um contrato futuro de boi gordo para novembro, ele está se expondo à oscilação de mercado equivalente a 330 arrobas, peso do boi, negociadas, cada uma, a 329 reais.
A exposição total, nesse caso, é de R$ 108,6 mil, mas a B3 exige, digamos, o depósito de apenas R$ 9.000 como garantia.
Nesse exemplo, bastaria a arroba do boi gordo cair 10% para o prejuízo, de R$ 10,86 mil, ser superior às garantias inicialmente exigidas pela bolsa. Por outro lado, se, ao invés de cair, a arroba tiver valorização de 20%, o ganho será de R$ 21,7 mil, portanto mais do que o dobro em relação aos R$ 9 mil apresentados como garantia.
O risco pode ser de perda de todo o valor utilizado como garantia.
André Pauletto, planejador financeiro
Quanto mais líquido for o ativo e menor for seu risco, maior será o valor atribuído à garantia. Títulos públicos, de alta liquidez e baixo risco de crédito, apresentam valor maior atribuído em garantia do que ações, que possuem maior risco e muitas vezes podem apresentar problemas de liquidez.
Vitor Duarte, CIO da Suno Asset
Além de diversificação, é preciso muito estudo para entrar na posição. O investidor deve gerenciar periodicamente a exposição para ter certeza que possui margem suficiente para oferecer à corretora. Do contrário, pode perder toda a posição e ter um grande prejuízo financeiro, fora as multas e punições administrativas das corretoras.
Caio Parreira Leal, especialista em planejamento financeiro associado à Planejar