Conforme o mercado brasileiro foi se desenvolvendo, foram criados benchmarks cada vez mais direcionados —ou seja, muito além do Ibovespa, o mais famoso e um dos mais antigos indicadores de referência no país (criado em 1968 pela então Bovespa). Os mais utilizados estão listados a seguir.
Renda fixa: CDI
CDI é a sigla para Certificado de Depósito Interbancário, um papel emitido diariamente pelos bancos para emprestarem recursos entre si. Ou seja, o CDI não é um título disponível para compra: é a taxa embutida nesses empréstimos que interessa ao mercado. Ela acompanha a taxa DI negociada na B3 e segue de perto a Selic, taxa básica de juros estabelecida pelo Banco Central. O CDI é o benchmark para ativos de renda fixa com juros pós-fixados, sejam títulos públicos ou privados.
Renda fixa: títulos públicos
É a Anbima que gerencia e calcula os benchmarks para títulos públicos (família IMA) no Brasil. O IMA-Geral tem uma carteira teórica que replica o universo de papéis emitidos pelo Tesouro Nacional, independentemente do tipo e do prazo. Essa abrangência, diz Hilton Notini, gerente de Preços e Índices da Anbima, faz do IMA uma ferramenta importante para o mercado acompanhar a dívida pública —ou seja, é mais que um benchmark.
Como o mercado brasileiro se diversificou muito ao longo do tempo, a Anbima criou subíndices para facilitar a comparação de ativos de renda fixa. Eles são resultados de recortes por tipo de remuneração (juros semestrais ou índices de inflação, como IPCA e IGP-M, por exemplo) e por vencimento (em curto, médio ou longo prazo). Para se ter uma ideia dessa diversidade no caso dos títulos públicos, além do IMA-Geral, essa família tem 11 subíndices.
Renda fixa: crédito privado
Uma lógica semelhante à do IMA é válida para a família IDA, que reúne debêntures. Esse índice é referente a uma cesta de debêntures (títulos representativos de dívidas de empresas) selecionadas pela Anbima conforme a metodologia.
Assim como seu primo, o IDA tem um indicador geral de debêntures (IDA-Geral) e alguns subíndices: IDA-DI (papéis remunerados pelo DI), IDA-IPCA (IPCA como indexador), IDA-IPCA-Infraestrutura (engloba os papéis isentos de Imposto de Renda, enquadrados na Lei 12.431, que pagam o IPCA) e IDA-IPCA-ex-Infraestrutura (debêntures que remuneram o IPCA sem contar com o benefício fiscal).
Ações: Ibovespa
Mais tradicional benchmark nacional de renda variável, é praticamente sinônimo do comportamento da Bolsa de Valores brasileira. No entanto, ele é apenas um dos vários recortes possíveis no mercado de ações. Serve como referência para investimentos que tenham como foco a liquidez dos papéis. A carteira teórica do Ibovespa inclui as ações mais negociadas e é revista a cada quatro meses pela B3. A carteira atual tem 77 ações.
Ações: IBrX-100
Diferentemente do Ibovespa, o IBrX-100 é calculado com base em capitalização de mercado, ou seja, o tamanho das empresas com ações negociadas na Bolsa (a quantidade de ações multiplicada pelo valor dos papéis). É bem menos usado que o Ibovespa como benchmark.
Ações: setores e tamanhos
Nos últimos anos, à medida que os mercados foram se desenvolvendo, a B3 criou índices que oferecem mais recortes —outros benchmarks, portanto. Em termos de setores, alguns exemplos são IEE (ações de empresas do setor de energia), Imob (imobiliário), ISE (sustentabilidade), MLCX (companhias de grande porte), SMLL (empresas de pequeno porte), Icon (consumo), Imat (materiais básicos), Idiv (ponderado pelo pagamento de dividendos). Essas separações ajudam investidores e gestores a avaliarem os retornos de suas carteiras em relação às médias correspondentes.
Fundos imobiliários
A intensa evolução do mercado de fundos de investimento imobiliários motivou a criação do Ifix, benchmark para esse segmento. Nesse caso, a B3 monta e atualiza uma carteira teórica de fundos imobiliários baseada na ideia de retorno total. Isso significa que a Bolsa considera, além da variação dos preços das cotas negociadas no mercado, a distribuição de proventos —dividendos, juros sobre o capital próprio e ativos recebidos pelos fundos.
Vale ressaltar que o Ifix é diferente do Imob: o primeiro trata dos fundos imobiliários, e o segundo das ações das empresas do setor imobiliário.
Multimercados
Os fundos multimercados investem em uma ampla gama de ativos e com muitas estratégias diferentes, o que por si só complicaria a comparação de carteiras e fundos.
Por isso, o mercado usa como benchmark nessa situação o Ihfa, calculado pela Anbima. A cada trimestre, a entidade faz o rebalanceamento dos fundos que compõem a carteira teórica do índice.