"Eu sei o que é passar fome. Quando falta comida, a gente corre com a venda de reciclado para não deixar os filhos sem nada. Já aconteceu de eu deixar de comer para dar para eles. Agora, com a pandemia ficou tudo mais difícil porque as coisas aumentaram muito de preço."
O relato é de Maria Cristina Batista Soares, 38, que vive com o companheiro e os três filhos em uma casa na região conhecida como Fazenda dos Mineiros, no Complexo do Salgueiro, em São Gonçalo, cidade da região metropolitana do Rio.
Maria e o filho mais velho vendem material reciclado, mas o número de catadores aumentou na cidade. Ela diz que a renda familiar encolheu, e o preço dos alimentos disparou. Hoje a venda de plástico e de alumínio rende até R$ 300 por mês. O orçamento é reforçado com o auxílio emergencial pago pelo governo no valor de R$ 375.
No dia em que o UOL visitou a família, há duas semanas, Maria e os filhos se alimentaram com um pão pela manhã. Para o almoço havia arroz, feijão e ovo.
A família de Maria Cristina é assistida pela Associação Oficina de Vida, que mantém uma creche no interior da comunidade e atende 80 crianças entre dois e cinco anos de idade. Além de funcionar como escola, serve refeição aos alunos, distribui cestas básicas e quentinhas para as famílias da comunidade. A creche se mantém com doações.