Erik Santana, 22, foi demitido de uma startup de patinete elétrico no início da pandemia, em março de 2020. Preocupado com o sustento da filha de um ano, ele conversou com sua mãe, a avó da menina, e passou a usar o carro dela, que ficava a maior parte do tempo na garagem, para rodar pelo Grajaú, periferia da zona sul de São Paulo, vendendo ovos.
Determinado, mas receoso, Erik ouviu conselhos do tio, que trabalha na área há anos. Ele pagou R$ 120 em uma caixa com 360 ovos, pôs as 30 cartelas no porta-malas do Fox vermelho, ano 2006, e dirigiu lentamente à tarde pelas ruas do bairro onde nasceu. Para sua surpresa, o teste deu certo.
"Foi uma coisa de louco, eu vendi tudo muito rápido. As cartelas de ovo saíam em minutos. Acho que foi assim porque eu conheço muita gente aqui", diz.
Depois do primeiro sucesso, ele quis se firmar no novo negócio. O primeiro passo foi criar uma marca a partir do próprio sobrenome, "Santana Ovos". Depois escolheu um horário para rodar, das 9h às 19h, para pegar o cliente que volta do trabalho no início da noite. Para finalizar, adotou a mensagem no alto-falante do carro para avisar a clientela que o carro do ovo está passando na rua (escute abaixo).