Financiamentos longos facilitaram a compra do primeiro carro. Mas, se o negócio não for feito com planejamento, você corre o risco de não conseguir manter o veículo sem comprometer seu orçamento. Veja a seguir dicas de especialistas.
Veja quanto custa comprar (e manter) um veículo e dicas de economizar para isso
Colaboração para o UOL, em São PauloFinanciamentos longos facilitaram a compra do primeiro carro. Mas, se o negócio não for feito com planejamento, você corre o risco de não conseguir manter o veículo sem comprometer seu orçamento. Veja a seguir dicas de especialistas.
Veja as dicas do professor Antônio Jorge Martins, coordenador de cursos automotivos da FGV (Fundação Getulio Vargas).
1) Financiamento
60% das vendas de veículos são realizadas contando com financiamento. "A pessoa dá um sinal de 30% ou 40% do valor e financia o restante. Quanto maior a entrada, menos juros você paga", afirmou Martins.
2) Consórcio
Indicado para quem não precisa do carro já. "O custo de um consórcio é menor que o do financiamento. O consórcio não tem taxa de juros, mas tem taxa de administração. Mas, mesmo assim, é mais vantajoso do que o financiamento. Há, porém, o inconveniente de o comprador não ter o bem de imediato. É preciso ser sorteado ou dar lance", disse Martins.
3) Leasing
Você pode usar o veículo enquanto paga as parcelas. O carro só passará para o seu nome quando todas as parcelas estiverem quitadas. É uma espécie de "aluguel" do veículo até você quitar o saldo devedor.
As montadores têm dado outra opção para o cliente se manter fiel à marca: um desconto de 30% no preço do veículo, desde que, num prazo de um a dois anos, você troque o carro por outro da mesma marca. Ou seja, se o carro custa R$ 100 mil, você paga R$ 70 mil; os R$ 30 mil são dados de desconto na troca do veículo dentro de um prazo determinado
Guilherme Prado, consultor financeiro da ONG de educação financeira Bem Gasto, diz que a melhor opção não é colocar na poupança.
Ele recomenda fundos de investimentos simples, que não podem ter taxa de administração elevada, ou CDBs que rendam no mínimo 100% do CDI. Além de serem fáceis de sacar, dão ganho mais que a inflação.
O valor mensal a ser guardado depende do preço do veículo que você quer comprar.
Assim como todo projeto de vida que custa dinheiro, coloque seu sonho no papel em forma de um objetivo palpável e mensurável. Defina qual carro você quer e quanto vai gastar. Defina também quando quer comprar. Tudo isso fará com que fique mais fácil planejar como poderá conquistar esse objetivo
"Realmente eu quero este carro?", "Qual utilidade terá?", "Precisa mesmo ser um carro próprio ou alternativas mais baratas, como táxi e aplicativos, ocasionalmente já seriam suficientes?" Janser Rojo, planejador financeiro CFP pela Planejar, diz que estas são algumas das perguntas a fazer.
Para Luciana Ikedo, vale comparar os gastos de transporte público ou alternativo com todos os custos de um veículo.
Para quem se desloca pouco ou mora em área bem servida de transporte, pode não compensar comprar carro. Para viagens, você pode alugar um.
Planeje e tome cuidado com o comprometimento de renda.
Avalie a taxa do financiamento e o custo efetivo total, e não somente o valor da parcela.
Atenção para os acessórios: quanto mais itens de tecnologia (frenagem automática, câmera de 360 graus na traseira etc.), mais caro o carro será.
Para consultar o preço de um carro usado, use a tabela Fipe. Ela serve como um indicador oficial da média de todos os carros desde 1985.
Leia maisChame um mecânico de confiança para avaliar um carro usado.
Faça um test drive no carro.
Comprar um carro pode ser até fácil; o difícil é mantê-lo. O custo não fica apenas nas parcelas da compra do veículo (se foi financiado). Há ainda taxas de registro e lacração, IPVA (Imposto sobre Propriedades de Veículos Automotores), seguro, combustível, manutenção e revisão periódicas, estacionamento, lavagem e pedágio, além de eventuais multas.
Muitas vezes, as pessoas levam em conta somente o custo de aquisição do veículo, esquecendo-se de todas as despesas adicionais que virão junto com o carro novo. Considerar o novo orçamento familiar com o impacto das novas despesas é essencial para que não haja um comprometimento de renda excessivo.
Luciana Ikedo, assessora de investimentos e sócia do escritório Ikedo Investimentos
Especialistas apontaram alguns prós e contras de um carro novo e um usado.
Prós do carro novo:
Contras do carro novo:
Prós do carro usado:
Contras do carro usado:
O casal de professores Daniel Lobão (foto acima) e Mariana demorou dez meses para juntar na poupança quase R$ 12 mil e conseguir comprar, no final do ano passado, o primeiro carro: um Peugeot 206, seminovo e bem conservado.
"Nunca senti a necessidade de ter carro. Mas, com o passar do tempo, achei que era a hora. No final das contas, o carro foi uma mão na roda nesta pandemia, pois proporciona segurança maior do que o transporte público e menos risco de contaminação do coronavírus", disse Daniel, 30.
Ele roda cerca de 35 quilômetros por dia com o veículo no trajeto casa-trabalho, no Rio de Janeiro.
Segundo ele, o gasto médio com o veículo é de R$ 450 por mês, com combustível e seguro. Ele pagou o IPVA parcelado.
Assim como nos investimentos, descubra o seu perfil de gastos, hábitos e preferências e planos para o futuro antes de comprar um carro. Pois, se você não fizer um planejamento mínimo, a compra de um carro de forma errada pode custar caro no futuro. Se você precisa de apoio e ajuda para fazer essa decisão, procure por um consultor financeiro da sua confiança