Diferentemente de um apartamento, que não tem cotas negociadas na Bolsa, investidores de fundos imobiliários devem estar preparados para ver o valor de seu investimento oscilar diariamente na tela do celular.
Como também oscilam a depender das variáveis de inadimplência, vacância e reajustes contratuais, os dividendos não são tão previsíveis quanto a renda do aluguel.
A volatilidade dos fundos imobiliários é, porém, inferior à da Bolsa, e seus dividendos são, em média, superiores ao retorno entregue pelos aluguéis.
Com o choque da pandemia do coronavírus, os preços das cotas de fundos imobiliários chegaram a perder um terço do valor máximo registrado no início do ano, tendo como base o Ifix, índice que é uma espécie de Ibovespa dos fundos imobiliários.
Preços de entrada mais baixos representam, porém, retornos percentualmente maiores ao investidor à medida que começam a melhorar as variáveis que influenciam a receita com aluguéis, como taxas de vacância e de inadimplência. A partir de junho, a renda oferecida pelos dividendos de fundos imobiliários voltou a ampliar a diferença sobre o rendimento em renda fixa.
As estatísticas mais recentes, de julho, mostram que, em dois meses, o prêmio de risco pago pelos FIIs subiu de menos de 2 pontos para 2,7 pontos percentuais. Mesmo sem voltar aos prêmios de antes da crise, que passavam dos 3 pontos percentuais, e mesmo à média histórica (2,9 pontos percentuais), isso significa que, a cada R$ 100 mil investidos, os FIIs pagam mensalmente R$ 227 a mais do que o Tesouro IPCA+, o título do governo que oferece rendimentos acima da inflação e que serve de balizador do mercado de imóveis.
Quanto maior for o prêmio, maior será o convite para até mesmo o mais conservador dos investidores abrir mão da segurança da renda fixa e buscar uma fonte de renda extra substituta —de preferência menos instável do que as imprevisíveis ações. E esta, na opinião de analistas, deve ser a grande mola propulsora do mercado imobiliário na saída da recessão provocada pela pandemia.
A velocidade de venda dos investimentos residenciais teve uma redução natural devido ao isolamento social, mas o ritmo das construções praticamente não diminuiu. Os lançamentos estão voltando, assim como as vendas. Os indícios são de que essa classe de ativos irá se recuperar rápido.
Mauro Lima, sócio-gestor da RB Capital Asset