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Investidor qualificado tem acesso a aplicações especiais; veja como conseguir entrar nesse clube

Colaboração para o UOL Getty Images

Apesar de estar quase sempre atrelada a investimentos vultosos, a posição de investidor qualificado é mais acessível do que se pode imaginar. Uma das condições para ganhar essa qualificação é ter mais de R$ 1 milhão investido, mas é possível fazer parte desse grupo com capital bem inferior —e ter acesso às mesmas vantagens.

Uma instrução da CVM (Comissão de Valores Mobiliários) de 2014 criou a figura do investidor qualificado para garantir que alguns produtos financeiros fossem acessados apenas por quem a entidade entende que tem condições de operar essas opções.

Mas tornar-se um investidor qualificado é apenas o caminho para a realização de objetivos e não deve ser encarado como uma meta em si, é o que diz a assessora de investimentos Luciana Ikedo.

Ter a meta de se tornar um investidor qualificado é muito pouco. É preciso entender que este é um passo para a conquista de outros objetivos, como a independência financeira.
Luciana Ikedo, assessora de investimentos


Entenda o que é exatamente um investidor qualificado, como se tornar um e quais vantagens podem ser acessadas no caminho para a realização dos objetivos financeiros.

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O que é um investidor qualificado?

O investidor qualificado é a pessoa física ou jurídica criada pela CVM (Comissão de Valores Mobiliários) em 17 de dezembro de 2014 junto com outras duas classes de investidores, o investidor comum e o profissional.

Uma das exigências para ser qualificado é atestar mais de R$ 1 milhão em investimentos. Porém, essa não é a única maneira de tornar um investidor qualificado. Há também a possibilidade de se chegar lá pela aquisição de conhecimento, diz José Lucio Nascimento, diretor de produtos do BTG Pactual digital.

Também são considerados investidores qualificados aqueles que tenham sido aprovados em exames de qualificação técnica ou possuam certificações aprovadas pela CVM, explica o executivo.

A solicitação de adesão a essa classe deve ser feita pelo investidor junto ao seu banco ou corretora.

Esses requisitos servem para garantir que o investidor tenha, de fato, a compreensão técnica e financeira sobre os investimentos mais restritos do mercado.

José Lucio Nascimento, diretor de produtos do BTG Pactual digital

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Como se tornar um investidor qualificado?

Uma das maneiras é comprovando patrimônio investido igual ou superior a R$ 1 milhão. Neste caso, não é preciso ter nenhuma comprovação técnica, apenas atestar à CVM por escrito a quantia investida.

A outra maneira é realizando cursos que garantem qualificação para atuar nessa categoria e apresentar o certificado ao banco ou corretora que opera os investimentos.

Com uma destas qualificações é possível garantir o acesso aos investimentos restritos.

  • Ancord (Certificação para Agente Autônomo)
  • CEA (Certificação de Especialista em Investimentos)
  • CFP (Certificação de Planejador Financeiro)
  • CGA (Certificação de Gestores Anbima)
  • CNPI (Certificado Nacional do Profissional de Investimento)
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Quais as diferenças entre as classes de investidores?

José Lucio Nascimento, diretor do BTG Pactual digital, explica que a CVM criou a figura do investidor qualificado "para proteger o investidor público em geral de produtos de riscos desproporcionais às suas capacidades financeiras". O investidor público é todo aquele que não comprova investimento superior a R$ 1 milhão e não tem as formações técnicas exigidas pelo órgão regulador.

Além do investidor qualificado e do público em geral, existe também a figura do investidor profissional, quem tem como principal diferença das outras classes o tamanho da aplicação: o investidor profissional deve apresentar mais de R$ 10 milhões investidos no mercado financeiro.

Não há diferença de tributação entre as diferentes classes de investidor, mas pode haver diferença de carência em alguns casos, segundo Luciana Ikedo.

Para os fundos de previdência, por exemplo, a carência inicial para o investidor qualificado é de 180 dias, enquanto para o investidor regular é de 60 dias.

Luciana Ikedo, assessora de investimentos

Quais vantagens tem um investidor qualificado?

A grande vantagem, segundo os analistas, é o acesso a produtos de investimentos com possibilidades de retornos maiores, mas com riscos relevantes. Alguns fundos de "private equity", venture capital e multimercados mais alternativos são exclusivos para o investidor qualificado, além de ofertas em renda fixa como CRIs, CRAs e debêntures.

Gustavo Cruz, analista da RB Investimentos, afirma também a possibilidade de acessar taxas de administração menores junto a bancos e corretoras. As instituições costumam garantir preços mais acessíveis para grandes aportes porque ganham no volume das operações.

Uma das vantagens desses grupos é que tem taxas menores, os bancos e corretoras cobram taxas especiais para fidelizar esse investidor.

Gustavo Cruz, analista da RB Investimentos

O principal benefício é acessar diversas classes de ativos em diferentes mercados mundiais, com diversos tipos de exposição de riscos, diversificando a carteira.

Laszlo Lueska, sócio da Octante Capital

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Vale a pena o esforço para ser um investidor qualificado?

Marco Harbich, consultor de valores mobiliários e sócio e CIO da Vante Financial Group, consultoria de Investimentos, diz que já há investimentos que antes ficavam restritos aos qualificados que podem, hoje, ser acessados por qualquer investidor, independentemente do seu patrimônio e certificações.

É o caso dos BDRs, os certificados de ações estrangeiras, que permitem, por exemplo, ter ganhos atrelados ao desempenho de ações como Apple e Amazon.

Mas Harbich avalia que criar uma estratégia para acessar investimentos reservados pode ser uma boa opção porque faz com que o investidor se qualifique --no caso da aquisição de certificações-- e porque tende a melhorar a rentabilidade da carteira com opções mais arrojadas. É importante, contudo, respeitar seu perfil de investimento.

Mesmo que o investidor tenha capacidade financeira para realizar investimentos mais sofisticados, é necessário saber se ele tem disponibilidade de assumir riscos maiores. É crucial que cada investidor obedeça a sua tolerância de risco no momento que elaborar a carteira de investimentos.

Marco Harbich, consultor de valores mobiliários e sócio e CIO da Vante Financial Group

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