Waleska trabalha com pilates há seis anos no mesmo estúdio, em Maceió. Ela tinha uma agenda movimentada até a confirmação de um caso na cidade, no começo de março. No estúdio, passou a tomar as precauções necessárias: lavava as mãos e os braços, limpava todos os aparelhos com álcool 70% e parou de usar acessórios difíceis de higienizar.
"Eu informava a todos sobre a importância da lavagem das mãos, antes e depois da aula, mas, mesmo com todas essas medidas, não me sentia totalmente segura em estar trabalhando."
Aos poucos, o número de alunos foi diminuindo. Até a semana retrasada, dos 63 fixos, o número caiu para 34.
Muitos alunos avisaram que iriam suspender o pilates por tempo indeterminado. Muitos foram orientados pelos geriatras, pois a maioria é idosa. Ou fazem quimioterapia, radioterapia. Também há hipertensos, diabéticos. A maioria é grupo de risco ou vive com alguém do grupo de risco.
No dia 17, a prefeitura de Maceió decretou estado de emergência, e o estúdio fechou no dia 19, por duas semanas, com possibilidade de prorrogação.
Desde então, Waleska tem ajudado os alunos e alguns ex-alunos com vídeos de exercícios enviados todas as manhãs. "São videozinhos com alguns exercícios que a gente já fazia no pilates. Quem precisa de exercícios específicos, eu mando no privado."
Quanto ao dinheiro, ela diz que está garantida no próximo mês. A única questão é se houver prorrogação do estado de emergência. "Muitos pagamentos já estavam feitos. Alguns alunos apenas suspenderam [a aula], mas realizaram o pagamento, porque disseram que ninguém tinha culpa do que está acontecendo e que sabiam que também temos contas a pagar."
Outra saída, ela conta, é a possibilidade de atendimento online, modelo antes proibido pelo Coffito (Conselho Federal de Fisioterapia e Terapia Ocupacional), mas liberado temporariamente durante a epidemia. Apesar da imprevisibilidade quanto à situação financeira, ela diz que não só entende, como apoia a quarentena.
A crise vem mesmo, e para todo mundo que não tem uma reserva de emergência —estou incluída nesse bolo. Mas é uma questão de saúde pública. O dinheiro depois a gente recupera. O que importa agora é priorizar a vida.