Famílias que melhoraram suas condições de vida e saíram das favelas nos últimos anos tiveram que voltar para as comunidades durante a pandemia, porque perderam renda.
A Cufa (Central Única das Favelas) alerta que esse movimento já é visível nas favelas da Baixada Santista, no litoral de São Paulo.
"Famílias que haviam conseguido estruturar uma vida melhor, que tinham, por exemplo, um lava-rápido ou uma lanchonete na garagem de casa, perderam o poder econômico e estão voltando para esses territórios de maior vulnerabilidade social, onde o aluguel é menor ou, às vezes, nem existe", disse Deraldo Silva, coordenador da Cufa na região.
O Brasil deve somar 61,1 milhões de pessoas vivendo na pobreza este ano, segundo estudo do Made/USP (Centro de Pesquisa em Macroeconomia das Desigualdades da Universidade de São Paulo). O aumento é de 5,4 milhões de pessoas em relação aos níveis pré-crise.
Para Saulo Abouchedid, professor da Facamp (Faculdades de Campinas), o cenário dramático no mercado de trabalho vai continuar depois da pandemia. "Mesmo após a vacinação, a recuperação será marcada por uma maior precarização do trabalho, comprometendo a renda do trabalhador", disse.
O UOL conversou com trabalhadores da Baixada que perderam tudo e retornaram à favela. Veja os relatos abaixo.