Mala sem padrão

Venda de mala pequena dispara, mas regra para embarcar no avião está confusa, diz chefe da Le Postiche

Beth Matias Colaboração para o UOL, em São Paulo Simon Plestenjak/UOL e Arte/UOL
Simon Plestenjak/UOL

Fazendo as malas

As novas regulamentações para viagens aéreas fizeram com que a venda de malas tamanho P disparassem no mercado brasileiro, diz o diretor-superintendente da Le Postiche, Carlos Eduardo Padula, em entrevista exclusiva na série UOL Líderes.

O executivo defende um só padrão de medidas para todas as companhias aéreas e fala sobre as novidades tecnológicas nas bagagens, como 'power bank', GPS e as malas guiadas por celular.

Na entrevista, Padula fala também sobre como a Le Postiche enfrentou a crise econômica, a nova lei trabalhista e a geração de empregos e as empresas mais enxutas.

Bagagem em avião confunde indústria e passageiro

UOL - O que mudou nos hábitos de consumo de malas de viagem nos últimos anos?

Carlos Eduardo Padula - Recentemente tivemos uma mudança grande no perfil de compra de malas. As novas regulamentações do que pode ser levado em voo, do que é cobrado na tarifa ou não, fizeram com que a nossa demanda por malas de bordo crescesse de uma forma brutal.

A busca do consumidor por malas P, para evitar o custo da tarifação, cresceu demais.

Outra coisa importante é que a mala também começou a entrar na questão no life style. A mala também faz parte da moda. Quando lançamos uma coleção de malas, vamos buscar as cores da moda. O último lançamento que fizemos foi a rosa perolizado do iPhone. As malas duraram uma semana nas lojas.

A mala deixou de ser só alguma coisa para você carregar aquilo de que precisa, mas também passa a refletir um pouco do life style do consumidor. Ele se identifica com a mala.

Cada vez mais buscamos criar produtos para cada um de nossos clientes. Reflete um pouco da personalidade do cliente.

Na parte de bolsas, é o consumidor feminino. Mulher talvez goste tanto de bolsa quanto de sapato, o que para a gente é muito bom. É um mercado mais aberto, no qual existem muito mais players, os calçadistas, os magazines e o mercado de moda.

A bolsa é um pouco mais ligada à tendência de moda, está relacionada ao mundo fashion, mas a busca por uma combinação de preço e produto talvez seja a grande mudança dos últimos tempos. O consumidor cada vez mais busca melhor oferta. Ele quer uma coisa bacana e de qualidade, mas que o preço também seja legal. Achar essa combinação talvez seja o grande desafio.

Em quanto diminuiu a compra de malas grandes após as novas regras das companhias aéreas?

A queda das vendas do tamanho G de mala foi de pelo menos 20%. O maior problema que enfrentamos é que a regulamentação [da mala de bordo] ficou estranha. Existe um padrão geral, que é de 115 cm a 116 cm --a soma das três medidas (largura, profundidade e altura).

Só que algumas companhias têm um gabarito próprio, podendo ser mais alta e mais magrinha e em outras, mais gordinha. Isso dificulta.

Achar um produto que atenda todas tem sido um grande desafio para a empresa. Está na hora de unificar o padrão de medidas para todas as companhias nacionais, pelo menos.

E quanto subiu a venda das malas de bordo?

Em alguns momentos chegou a dobrar, mas na média do ano o crescimento da venda da mala P em 2018 foi de 70%.

Também aconteceu que a regulamentação da mala internacional caiu de 32 kg para 23 kg, o que trouxe uma nova preocupação para o consumidor. Ele passou a buscar uma mala mais leve porque, quanto mais pesada, menos produtos pode pôr dentro.

Um item que temos vendido muito é a balança digital. Ela evita aquele transtorno de excesso [de peso] e a correria ali na hora no aeroporto para resolver o problema.

Existe uma tendência de os viajantes diminuírem o tamanho das malas?

Não acredito. Talvez muitas pessoas precisassem de uma mala P e não a tivessem. Foi muito mais para atender a uma demanda que estava reprimida e que foi gerada pela nova legislação.

O hábito de quem viaja, de quem faz uma viagem internacional, é querer levar uma mala M ou G. Impossível fazer uma viagem grande com uma mala P.

Eu viajo regularmente para a China. É uma viagem de 15, 20 dias. É impossível você não utilizar uma mala G.

Muita gente deixa para comprar uma mala no exterior acreditando no preço mais baixo. É realmente mais barato?

Sim, verdade. Já foi muito mais assim. Hoje os preços estão se aproximando bastante. No câmbio atual, as diferenças não são tão grandes, e, de alguma maneira, ele precisa levar alguma coisa para lá, precisa chegar com alguma mala.

Isso no passado já foi muito mais importante do que é hoje. Atualmente as pessoas buscam a compra de mala aqui no Brasil e vão com seu jogo de mala a viagem toda.

Como sobreviver em um mercado cada vez mais segmentado e exclusivo?

Estamos trabalhando na companhia com um conceito que batizamos de curadoria. Esse conceito é muito bacana porque vem das grandes galerias de arte. Um especialista, alguém que entende muito bem do negócio, escolhe do acervo total o que tem de melhor e mais interessante para aquela exposição, [com o objetivo] de facilitar a vida do público que não é um expert.

Por exemplo, trouxemos para o Brasil de forma exclusiva uma marca que se chama Echolac. É uma mala desenvolvida pelo grupo Mitsubishi Motors, nasceu na indústria automotiva com muita tecnologia. É a segunda marca mais vendida na Ásia.

Venda de mala tamanho P cresce 70%, diz chefe da Le Postiche

Limite de peso em avião impediu a "mala-patinete"

Que tecnologias se pode esperar para as malas?

Carlos Eduardo Padula - Encontramos atualmente malas com 'power bank' [carregador de bateria], com rastreador. Se você perde a mala no aeroporto ou se for furtada, você localiza pelo celular e dispara um alarme. Há, inclusive, malas que seguem você, que andam sozinhas, seguindo por aplicativo do celular.

Essa realidade ainda não está no Brasil, e confesso que, nas viagens que faço para Xangai (China) ou Nova York (EUA), também não tenho visto, porque essa tecnologia passa por alguns problemas que ainda não resolvemos, como a recomendação das companhias aéreas em relação às baterias.

Existe também a burocracia para importar uma mala como essa, que precisa passar pela Anvisa [Agência Nacional de Vigilância Sanitária], Anatel [Agência Nacional de Telecomunicações], vários órgãos que regulamentam. Não é tão simples ainda no Brasil.

No ano passado, fizemos uma experiência divertida que era uma mala que virava um patinete. O objetivo era usar em aeroportos maiores, onde há distâncias longas a percorrer. Foi um sucesso com os mais jovens.

Ela era uma mala de bordo e ao mesmo tempo se desmontava e se transformava num patinete. Importamos um lote, experimentamos, mas logo em seguida veio a regulamentação de peso máximo para bordo, e ela, infelizmente, não cabe dentro do peso limite. A legislação acabou com a mala de patinete aqui no Brasil.

UOL - Como vocês trabalham com inteligência artificial?

A inteligência artificial é inevitável, vai fazer parte da nossa vida, e que bom que vai fazer parte da nossa vida. A grande preocupação é usar a tecnologia como meio e não como fim.

Acho que a tecnologia é muito bem-vinda, mas é preciso achar um equilíbrio. A Le Postiche fez uma virada na nossa plataforma de e-commerce. Fomos para uma plataforma que é considerada uma das melhores do mundo e estamos criando a nossa persona para o 'chatbot' [programa de computador que interage com o cliente]. Isso deve entrar no ar ao longo deste ano.

Nas lojas, temos toda a inteligência de contador de fluxo, para entender quantas pessoas entram nelas, quantas olham para a vitrine, para saber se ela está atrativa ou não.

Por meio da tecnologia, tenho sistemas que, de hora em hora, informam o resultado de toda a rede ou de loja a loja para saber a performance de cada uma. Isso permite, ao longo de um sábado, por exemplo, em um dia importante, uma tomada de decisão para ativar uma promoção que já estava estudada e preparada para recuperar a venda do dia.

Sobre a distribuição, qual a sua opinião sobre os Correios?

É uma empresa muito aquém das necessidades deste país. Uma pena porque os Correios deveriam ser uma empresa de ponta, tecnológica. Não estou falando de privatização. Esta é uma das opções, mas não a única. Não acho que tudo tem que ser privatizado para ser melhorado.

Os Correios precisam de uma gestão de inteligência e eficiência para estar à altura de um Fedex e de outras companhias no mundo, porque têm infraestrutura instalada e 'know how' de Brasil.

Os Correios talvez sejam a empresa que melhor conheça esse país por histórico e pelo trabalho. Seja privatizado ou não, o Brasil precisa de uma solução melhor do que a que tem hoje com os Correios.

Malas têm GPS e até viram patinete

Muita proteção do Estado enfraquece o cidadão

UOL - O que o senhor acha da reforma trabalhista?

Carlos Eduardo Padula - É um primeiro ponto muito importante. Nem de longe estamos adaptados ao mercado mundial. O 'part time' [trabalho em meio período], por exemplo. Se você tem um restaurante ou uma loja de varejo, o fluxo em um sábado ou domingo é totalmente diferente de uma segunda-feira.

Como equalizar a equipe de loja desta forma? Se você equaliza pelo limite do sábado, você é ocioso durante a semana, e as margens não permitem isso. Se equaliza pela segunda-feira, atende bem o seu cliente no sábado.

Essas regulamentações são superimportantes porque possibilitam esse entendimento entre empregador e empregado. Que os dois busquem as suas necessidades sem este protecionismo de uma legislação que é de décadas passadas, de outro momento do mundo.

Acredito que foi só o primeiro passo, e já sentimos bastante o reflexo. As discussões na Justiça caíram de 70% a 80% em 2018 com essa nova lei.

Leio matérias de países como Inglaterra, Estados Unidos e acho que as partes têm que ser responsáveis. Não posso simplesmente ir para a Justiça pleitear o que não é meu direito, e fica tudo por isso mesmo. Hoje existe uma penalidade se o pleito não for justo.

Defendo uma tese que, quanto mais o governo quer proteger, mais enfraquece o cidadão. O cidadão é capaz. Quando o governo dá mais liberdade para as partes, a sociedade aprende a evoluir com isso, e cada cidadão aprende o seu caminho. Somos mais fortes com menos intervenção do governo.

O trabalhador mais pobre não ficou vulnerável com a reforma?

Uma regulamentação mínima tem que existir. Não podemos não ter.

Uma regulamentação da CLT [Consolidação das Leis do Trabalho]?

Não. Eu acho que uma adaptação da CLT à realidade de hoje.

A brincadeira mais comum que todo mundo faz é que não vê ninguém fugindo dos Estados Unidos para vir trabalhar no regime CLT. A renda per capita deles é muito maior do que a nossa.

Há alguns anos assistimos à derrocada do ABC [região metropolitana de São Paulo, berço do movimento sindical paulista]. O movimento sindical deixou as regulamentações tão fortes que as companhias, o capital, foram dar emprego em outro lugar.

Há um ponto importante que não é no Brasil, é no mundo: o capital vai buscar a melhor solução. Eu brinco que o capital é igual a água. Ela busca o caminho mais fácil. É a regra mundial de como o capital é conduzido. Se você não estruturar uma maneira de o capital se remunerar justamente, ele vai se remunerar em outro país.

A velocidade com que o Brasil se desindustrializou e deixou de dar emprego nos últimos 20, 30 anos é brutal. Hoje a nossa indústria não representa mais do que 12% do nosso PIB [Produto Interno Bruto]. Geramos empregos em outros países.

Será que estamos protegendo o nosso trabalhador com 12 milhões de desempregados? Essa é a minha preocupação. O nosso emprego está fora do Brasil.

Sem dúvida, não é regulamentação zero, mas a regulamentação que tínhamos, chegou a um ponto que não ajudava mais. Ela dificultava a geração de emprego. Você prefere não correr o risco de gerar um novo emprego porque depois, para desmobilizar esse emprego, o custo é muito alto.

Se você montar uma empresa nos Estados Unidos e investir o patrimônio que você tem, que é de US$ 100 mil, o máximo que você vai perder nessa empresa são os US$ 100 mil.

No Brasil, se você tem R$ 100 mil e monta uma empresa, você pode perder R$ 1 milhão, [dinheiro] que você não tinha. Isso dificulta todas as iniciativas porque o peso do risco é tão grande que você prefere não entrar no jogo.

E a reforma da Previdência?

O Brasil deveria estar vivendo o boom demográfico. Isso foi muito falado anos atrás. Todos os países desenvolvidos ou que se desenvolveram nesta época, como a Coreia do Sul, por exemplo, conseguiram construir riqueza para apoiar o envelhecimento.

Infelizmente o Brasil vai virar um país velho sem ter feito essa poupança. Estouramos todas as contas possíveis e imagináveis antes de enriquecer, e isso vai ter um custo.

Fico assustado quando vejo políticos que nos representam ainda não levarem isso com seriedade para o futuro do país. A reforma da Previdência é inevitável, essa conta vai ser paga. Se será com mais dor ou menos dor, a sociedade está descobrindo.

O que o senhor acha de uma reforma fiscal?

Esta deveria ser a prioritária, mas acho que é mais complexa. O sistema tributário brasileiro, além de caro, é complexo, e aí se torna caro duas vezes. Além da carga tributária da ordem de 35% do PIB, a maneira como é construída e a base sobre a qual ela é tributada impõem a cada empresa a necessidade de ter uma estrutura interna para fazer todos os controles.

Temos lojas em praticamente todos os estados do Brasil. Em cada estado que eu vou entregar um produto, tenho questões de diferença de tarifas de ICMS estaduais, substituição tributária. É quase impossível entender, e isso custa muito caro.

Pagamos duas vezes no Brasil: pagamos porque o tributo é alto e pagamos porque ele não é inteligente, é extremamente burocrático, mal construído e isso impõe um custo de arrecadação muito alto também. Sem a reforma, não consigo enxergar o Brasil como um player importante.

As decisões dos legisladores mais ajudam ou mais atrapalham as empresas?

No nosso ramo, em termos de regulamentação, não sinto tanta dificuldade com o governo. Para que o Brasil seja competitivo, precisa ser eficiente. Esse é o nosso grande problema.

Estudos mostram que a produção média de um trabalhador brasileiro é um quinto da de um alemão, um coreano ou um americano. Não é o trabalhador que trabalha mal, não é isso, temos grandes profissionais no Brasil. O problema é que o conjunto que está por trás disso tudo, que dificulta a produtividade em todos os sentidos, seja por infraestrutura, carga tributária, por legislação trabalhista.

Antiga lei trabalhista atrapalhava a contratação de funcionários

A Le Postiche é assim:

  • Fundação

    1978

  • Funcionários

    2.000

  • Vendas/ano

    500 mil malas, 600 mil bolsas e 500 mil peças de Volta às Aulas

  • Unidades

    220 lojas

  • Abertura novas unidades em 2019

    20 lojas

  • Principais concorrentes

    Bagaggio, Sestini, Inovathi e Samsonite

Empresário hoje tem muita cautela para contratar

UOL - O Brasil tem quase 12 milhões de desempregados. Como é possível criar emprego para tanta gente?

Carlos Eduardo Padula - Esse será o maior desafio. Foi uma crise muito dura, todas as empresas sofreram muito com isso. Nós chegamos a conviver com taxas de juros que batiam 20% ao ano.

Não há cenário que faça você abrir negócios com esse custo de capital. Quando termina uma crise, as empresas que sobreviveram tiveram que aprender a se transformar em empresas espartanas.

Elas foram buscar todos os caminhos para serem mais eficientes e trabalharem mais enxutas. Quando o mercado começa a voltar, o emprego é a última coisa que volta, justamente por isso. O empresário hoje vai ter muita cautela na contratação.

Falando da Le Postiche, se eu abro novas lojas, é óbvio que tenho que contratar novas pessoas. A cada loja gero emprego para oito ou nove pessoas diretamente, fora os indiretos.

Mas, para a estrutura atual, eu não tenho mais necessidades de repor as pessoas que demitimos porque a empresa aprendeu a trabalhar sem. E isso aconteceu com todas as empresas.

O grande desafio do Brasil --e talvez seja o papel do governo-- é usar a máquina pública, por meio de licitações de obras públicas, para ativar a construção civil, que é uma área que gera emprego com grande velocidade.

E para ativar a construção civil, basta você gerar dinheiro para financiamento imobiliário, o que também está na mão do governo.

Como a crise afetou a empresa?

Eu cheguei ao começo de 2017, e a minha proposta foi estabelecer um projeto que batizamos de 2G. É o básico do básico do básico: gestão de custo e geração de valor. Quanto menor for o meu custo, quanto mais valor eu gerar com o que eu faço, melhores são os resultados da companhia.

Na teoria é simples, mas fazer acontecer é o mais difícil. Esse projeto serviu para estabelecer 47 ações que passaram a ser o foco principal da empresa. Reduzimos quase R$ 8 milhões em despesas, mesmo aumentando o número de lojas nesse período.

Ao mesmo tempo, conseguimos melhorar as margens operacionais por meio de um trabalho de curadoria. O cliente entende que o que tenho para oferecer vale mais porque o design é bacana, ou pela tecnologia, ou porque o meu produto é mais bonito, mais inovador, ou porque o meu atendimento no ponto de venda foi muito melhor preparado do que o do meu concorrente.

Decidimos também que tudo que não era corte seria terceirizado. Por mais de 20 anos, a empresa teve um centro logístico próprio e optamos por terceirizar. Tivemos uma economia de quase R$ 2 milhões por ano.

Como é trabalhar com uma empresa familiar?

Uma coisa que me agrada muito é a velocidade da tomada de decisão. O acesso é muito fácil, e você consegue falar direto com o acionista e o fundador.

As empresas familiares tendem a ser um pouco mais paternalistas. Isso tem um ponto positivo, porque têm um ambiente de trabalho mais prazeroso.

Por que as empresas internacionais têm dificuldade de evoluir no Brasil?

Eu lembro de uma frase do presidente da Mango, quando ele fechou as operações que tinha na época. Ele dizia assim: "O Brasil não é um lugar difícil, é um país impossível".

Talvez um pouco disso. Quando chegam ao Brasil, eles realmente entendem as dificuldades de operar.

Estamos vendo a Amazon chegar ao Brasil. Será interessante ver as soluções que vão encontrar dentro do cenário brasileiro. Será um bom aprendizado para todos nós.

O senhor acredita que a situação econômica vai melhorar?

Eu realmente acredito que vivemos um momento positivo. Todos os indicadores econômicos são interessantes. Falta muito pouco, alguns pequenos ajustes podem trazer para o Brasil uma melhoria significativa no curto e médio prazo.

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