UOL - Que novidades a empresa estuda colocar no mercado brasileiro?
Fernando Yunes - Temos pedágios, estacionamentos, postos, drive-thru, lava-rápido, locação de carro. Uma novidade que vamos lançar em breve é uma tecnologia para pedir os carros de um valet [estacionamento]. Vai ser o uso de biometria. Você estará em um valet e, em vez de pegar o cartão, vai olhar para uma câmera e simplesmente pedir o carro olhando para a máquina. Estamos desenvolvendo isso.
E vai poder pagar com o Sem Parar ali?
Por que não dar um passo e, em algum momento, poder pagar o estacionamento e o drive-thru só olhando para uma câmera? Essas são possibilidades que estamos olhando. Nada de curto prazo, mas existem planos de usar o Sem Parar em mais locais.
Há pessoas na empresa que dizem que deveria ser usado para pagar motel [é ainda só uma ideia sem estudo de viabilidade]. É um segmento que também tem uma parada, tem que fazer um pagamento, demora. Há pessoas que ficam constrangidas ali na frente de outra pessoa pagando.
E existem outros segmentos, como oficinas, centros automotivos, tudo muito ligado ao carro. Mas também pensamos em um dia sair do carro, o que ampliaria muito as possibilidades da empresa, ao mesmo tempo em que entraríamos em segmentos com outros concorrentes.
Cada vez se perde mais tempo no trânsito. O que pode ser feito para melhorar?
Um dos pontos é o transporte público, que poderia melhorar para as pessoas. O metrô, mesmo em São Paulo, que é uma cidade com infraestrutura avançada se comparada a outras regiões do Brasil, ainda é muito pouco desenvolvido.
Quando comparamos a cidades europeias, vemos que a nossa infraestrutura é bem carente. A malha de ônibus é até muito boa, mas a de metrô é insuficiente, o que faz com que as pessoas usem muito os carros, e isso acaba complicando o trânsito.
O aumento dos aplicativos contribuiu para a redução de trânsito, uma vez que o mesmo carro leva várias pessoas, fazendo com que haja menos carros nas ruas. E há opções de transporte a curtas distâncias, como bicicletas, patinetes, que acabam ajudando também. A combinação da infraestrutura pública com esses novos modais vai ajudar bastante na melhoria do trânsito nas cidades.
Esses novos modais, sem a utilização de carros, podem tirar mercado do Sem Parar?
Existem vários mercados Sem Parar. O Sem Parar começou em pedágio. Esse mercado de pedágio ainda tem, por incrível que pareça, muito a crescer. No Brasil, só 50% das passagens em pedágio são nas cabines automáticas. É muito, mas, por outro lado, ainda há 50% que utilizam a cabine manual. Existe um potencial grande de crescimento do Sem Parar.
Entramos no McDonald's com uma parceria que foi de muito sucesso. O próprio McDonald's queria ver possibilidade de expansão para outros países. É a solução mais fluida em drive-thru que existe no mundo. Fomos nós que criamos. Basicamente, o carro para, a pessoa pede um lanche e fala que vai pagar no Sem Parar. Na próxima cabine, pega o lanche e vai embora.
Recentemente, fizemos uma parceria com a [locadora de carros] Movida, e agora todos os carros alugados da empresa também virão com o Sem Parar, que é algo que já percebíamos como necessidade dos clientes.
Há muito cliente que aluga carro na locadora, passa em uma loja do Sem Parar para não pegar fila em pedágio, fica com o carro três ou quatro dias no final de semana e, quando vai devolver o carro, cancela a assinatura. Em junho, começamos em quatro cidades e vamos expandir em julho para todo o Brasil.
Outra parceria nova é com os lava-rápidos. A expectativa é de passar de 150 lava-rápidos no mês de julho.
Esses modais novos, como bicicletas e patinetes, são bons para distâncias bem curtas. A pessoa pega em uma avenida, anda alguns quarteirões e devolve. Nesse trajeto, hoje não temos opção de uso do Sem Parar. No trajeto mais longo, a pessoa que tem o Uber ou um outro aplicativo, pode se alimentar no McDonald's, usar o estacionamento, pega uma estrada, aí ela vai usar o Sem Parar.
Como a empresa enfrenta aumento da concorrência?
A entrada de mais concorrentes cria dentro da empresa um mote, um senso de urgência maior por inovação, para criar possibilidades. Cada vez que entra uma empresa nova, o grupo todo se energiza mais para seguir inovando e melhorando as relações com os clientes.
Com a entrada de novas empresas, precisamos seguir na vanguarda de inovação.
Qual a importância do Sem Parar no Brasil para a matriz americana?
É bem relevante. Hoje representamos quase 20% da receita da empresa. Em termos de valor de mercado, a Fleetcor [matriz americana do Sem Parar] vale US$ 22 bilhões [R$ 76,2 bilhões]. É um mercado bem representativo.
O Sem Parar é uma empresa de tecnologia que foi vendida por US$ 1,04 bilhão [R$ 4 bilhões]. Foi o valor que a Fleetcor pagou pelo Sem Parar, e, nesse período, a empresa conseguiu crescer mais, abrir novos mercados de forma que tem contribuído para a valorização da empresa lá fora.