UOL - O consumidor brasileiro tem alguma característica que o distingue dos outros?
Yasuhito Hirota - Hoje de manhã fui correr no parque Ibirapuera [em São Paulo] e fiquei impressionado com a quantidade de pessoas correndo e caminhando. O Brasil é muito forte em alguns esportes, como futebol e vôlei, então é um país muito importante para nós. E tenho ouvido falar também que os brasileiros têm o hábito de comprar coisas boas, de qualidade —é o que procuramos oferecer.
E em termos de produto, que tipo de tênis o brasileiro prefere?
Coloridos. Ontem visitei algumas lojas e vi tênis com muito verde e muito amarelo. Talvez seja por causa das cores da bandeira nacional.
A Asics tem planos especificamente para o Brasil?
O Brasil é um mercado muito importante porque tem uma população de 200 milhões de habitantes e aqui se pratica muito esporte. Temos fábricas parceiras na região Sul do país, então podemos vender o que produzimos aqui mesmo. Nossa ideia é investir mais no Brasil para aumentar nossa participação no mercado.
A corrida de rua amadora tem se popularizado por aqui. O senhor também observa isso em outros países?
A corrida não se trata só de participar de competições e ganhar medalhas.
Claro que há pessoas que miram nisso, mas acredito que, em geral, elas correm porque se sentem felizes fazendo isso. Correr é uma atividade que se torna um hábito, passa a fazer parte da vida da pessoa. Eu também corro e fico feliz quando vejo pessoas no mundo inteiro fazendo isso.
Então o senhor notou essa tendência também em outros países?
Sim, acho que é uma tendência mundial. A corrida de rua começou nos EUA e na Europa e se espalhou pelo mundo inteiro. Mas, para você poder correr na rua, é preciso haver paz no local. Em alguns lugares, isso não é possível.
A tendência então está ligada à questão da segurança pública?
Exatamente. A segurança nas ruas é importante, e meu desejo é que haja muito mais lugares seguros.
O senhor avalia que o Brasil é um lugar seguro? Há problemas de violência e, mesmo assim, as pessoas saem para correr.
Não conheço o país a esse ponto, mas hoje, no parque, me pareceu que as pessoas se sentiam seguras.
Brasil e Japão são muito diferentes em termos culturais e de negócios. O senhor vê alguma semelhança entre os países?
Acredito que há respeito e compreensão mútuos sobre as diferenças culturais entre os dois países, não só porque aqui residem muitos descendentes de japoneses como porque no Japão há muitos brasileiros.
Há, sim, uma grande diferença, mas os dois se entendem. É possível desenvolver negócios dentro dessas diferenças.
Que conselho o senhor daria para construir uma carreira de sucesso?
Gostar do que faz. Quando você gosta, se dedica mais. Quando se dedica mais, vai ficando melhor naquilo, recebe reconhecimento e vai adquirindo outras habilidades. Tudo começa daí: gostar do que faz.