Para evitar frustrações, é fundamental o investidor ter plena consciência de que o desempenho passado de um fundo não é garantia de que os resultados vão se repetir no futuro. Mesmo assim, a análise do histórico é um ótimo ponto de partida no processo de seleção para escolha de fundos de investimento mais promissores.
O importante aqui é o investidor não ser seduzido apenas pelo retorno do último ano ou o acumulado desde o lançamento do fundo. A atenção deve ser direcionada aos indicadores que revelam o risco que os cotistas do fundo correram até colher os bons resultados, assim como a consistência do fundo em diferentes ciclos econômicos.
A volatilidade é, nessa análise, um dos principais indicadores por mostrar quanto um fundo costuma oscilar. Assim, mesmo apresentando ótimos resultados, fundos com percentuais altos de volatilidade podem assustar quem perde noites de sono ao ver o investimento ficar no vermelho e não tem sangue frio para esperar a recuperação.
Descobrir qual foi o maior tombo sofrido pelo fundo, e quanto tempo ele levou para se reerguer — o chamado "drawdown" — ajuda também o investidor a refletir sobre como agiria se algo parecido voltasse a acontecer em um momento de crise.
Outra boa forma de avaliar um fundo é prestando atenção em como ele se comportou em diferentes períodos. Aqui a dica é avaliar diversas "janelas" de tempo, como de 12, 24 ou até 60 meses, a depender do risco do fundo. A intenção é identificar se o resultado do fundo é fruto de um momento atípico ou se ele realmente cumpre com o retorno prometido na maioria das vezes.
Quanto mais longo o histórico, melhor. Olhar apenas a rentabilidade dos últimos 12 meses é um erro comum do investidor iniciante. Muitas vezes, uma 'tese' [aposta] do fundo pode demorar a se concretizar, ou as posições anteriores talvez não sejam as melhores para o futuro.
Marina Renosto, investor na Blackbird Investimentos
Em mar calmo, todos navegam bem. A diferença está em quando o mar está revolto. O bom gestor é aquele que, na tempestade, mostra toda a sua habilidade, navega bem e sai melhor.
Arthur Mesnik, sócio e diretor de operações da gestora Trígono Capital
É preciso avaliar ainda se, no fim das contas, vale a pena encarar a volatilidade do fundo. Ou seja, se o fundo geralmente entrega um prêmio que recompensa o investidor pelos seus riscos. Nesse caso, a resposta vem do índice de Sharpe, que compara o retorno do fundo com o rendimento de títulos de renda fixa livres de risco. Quanto maior for a pontuação do Sharpe, maior é o retorno obtido pelo risco assumido.
Assim, ter um retorno alto e Sharpe baixo significa que o investidor correu muito risco para conseguir o rendimento do fundo. Quando o Sharpe é zero, a indicação é de que o fundo normalmente dá o mesmo retorno dos títulos seguros de renda fixa. Ou seja, o investidor não precisa passar por nenhum estresse para chegar ao mesmo resultado. Se o Sharpe for negativo, fique atento. Isso é um aviso de que o rendimento do fundo é ainda menor do que os de investimentos sem risco. Assim, não faz sentido entrar nele.