Pela regulamentação da Comissão de Valores Mobiliários (CVM), o pagamento dos dividendos deve ser feito, obrigatoriamente, a cada seis meses, mas na maioria dos FIIs a remuneração é mensal. Por seguirem essa periodicidade, esses fundos vêm ganhando espaço entre aqueles que buscam uma renda a mais ao se aposentar. Mas é preciso planejamento.
No auge da pandemia, alguns fundos interromperam a distribuição mensal. Apesar de os FIIs serem considerados seguros, são ativos de renda variável. Tanto a cota oscila diariamente quanto o dividendo pode diminuir. O setor imobiliário é feito de ciclos, uns positivos e outros nem tanto, por isso é preciso diversificar a distribuição do patrimônio.
João Vitor Freitas, analista da Toro Investimentos
Por isso, a sugestão dos consultores para fugir desse e outros contratempos --afinal, os FIIs são um produto de renda variável, sujeito a valorizações e quedas-- é distribuir os recursos entre fundos com diferentes características, como função do imóvel (galpão logístico e shopping center, por exemplo) e tipo (em um endereço mais valorizado e um com contratos de locação de longo prazo). João Vitor Freitas, analista da Toro Investimentos, sugere que a carteira tenha de dez a 12 FIIs.
Para Régis Dall'Agnese, head da RB Capital Asset, quando o investidor for montar sua carteira de investimentos, além de escolher FIIs de diferentes perfis, deve diversificar entre distintos tipos de produto financeiro.
Segundo seu perfil de risco, os fundos de investimento imobiliário podem ser o destino de 5% a 20% do patrimônio total. "Os FIIs costumam ter um comportamento semelhante ao da renda fixa, só que com dividendo mensal e boa previsibilidade", disse.
Nos FIIs, a rentabilidade tem muito a ver com a qualidade do ativo como explica Alessandro Vedrossi, sócio-diretor da Valora Investimentos.
O imóvel de menor qualidade pode dar renda maior por aproveitar a maior variação de preços. "Existem oportunidades específicas, mas no final é preciso buscar uma rentabilidade estável", afirmou.
É fundamental entender a qualidade e o perfil de risco dos papéis. Por exemplo, você compra cotas de um galpão de segunda linha hoje porque paga um bom aluguel, mas esquece de levar em consideração que ele pode estar deteriorado em 20 anos se não houver investimentos em manutenção e atualização.
Alessandro Vedrossi, sócio-diretor da Valora Investimentos
Hoje, um dos segmentos mais promissores no setor imobiliário é o de galpões logísticos. Durante a pandemia, o crescimento das vendas online foi expressivo e aumentou a procura por esse tipo de imóvel, gerando uma valorização.
Outros vêm passando por reavaliações, como no caso daqueles alugados para agências bancárias —que têm perdido espaço à medida que cresce a digitalização do setor financeiro.
Os espaços negociados para instituições de ensino também estão sob avaliação desde que a crise provocada pelo novo coronavírus acelerou a adesão ao ensino remoto.
O investidor, além de acompanhar o comportamento do fundo do qual detém cotas, deve ainda olhar de perto o IFIX. Esse índice da B3 é formado por uma carteira teórica de ativos. O objetivo é servir como indicador do desempenho médio das cotações dos FIIs negociados.