Sozinho ou via fundos?

Investir diretamente ou em fundos? O que vale mais a pena? Veja vantagens e desvantagens de cada um

Vinícius Silva Colaboração para o UOL, em São Paulo guvendemir/iStock

Quem começa a ter interesse pelo mundo dos investimentos logo se depara com a dúvida: vale mais a pena investir por conta própria ou via fundo de investimentos? A disputa é grande. Tem, por exemplo:

  • Fundos de ações X ações na Bolsa;
  • Fundos de crédito privado X debêntures
  • Fundos de metais X contratos de ouro

Afinal, o que é melhor para o investidor: contar com a ajuda de um gestor profissional, mas pagar por isso, ou se arriscar sozinho nas análises e comprar um ativo por conta própria?

Segundo especialistas ouvidos pelo UOL, cada uma das opções possui riscos e benefícios próprios. Assim, o investidor precisa estar ciente dessas diferenças para buscar a melhor opção para seu perfil, com a maior rentabilidade possível e o menor risco.

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Carteira própria

O investidor que deseja montar a própria carteira de investimentos pode fazer isso sem um gestor. Segundo especialistas, cada carteira deve respeitar o perfil de risco do investidor, podendo conter ativos variados, entre renda fixa, renda variável etc.

"É necessário fazer as análises e colocar o dinheiro naquele ativo de forma individual. [Uma carteira feita por contra própria] pode trazer mais rentabilidade, porque você não vai pagar taxas para ninguém", afirma Bruna Amalcaburio, analista da Top Gain.

O investidor pode comprar ações de empresas ou títulos do Tesouro Direto diretamente na corretora, por exemplo, sem precisar entrar em algum fundo de renda variável ou renda fixa que buscaria a mesma estratégia.

Para isso, contudo, é necessária uma preparação para que a pessoa saiba exatamente o que está fazendo e quais os riscos e possibilidades de retorno.

Não há mágica. Se você quer ter bons resultados, tem que estudar e entender os ativos em que quer investir para, quando estiver seguro, tomar uma decisão que possa ser acertada. Ou, se estiver errada, para que você não erre por muito.

Bruna Amalcaburio, analista da Top Gain

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Fundos de investimentos

Os fundos funcionam de maneira parecida com um condomínio, no qual cada investidor se torna "dono" de uma parte do total. Essas partes são chamadas de cotas, uma fração do total de um fundo. Por isso, os fundos são uma modalidade de investimento coletivo.

Eles podem ser divididos entre fundos de renda fixa, fundos de ações, fundos multimercado e fundos cambiais. Dentro deles, existem subdivisões, como um fundo multimercado voltado a investimentos específicos, em um setor de metais ou um fundo de renda fixa voltado ao crédito privado, por exemplo.

Há também os custos de ter um gestor profissional escolhendo o que fazer com o dinheiro. Por isso, normalmente os fundos cobram taxa de administração, que é o quanto os cotistas devem pagar pela prestação de serviço do gestor, e taxa de performance, cobrada do cotista quando a rentabilidade do fundo supera a de um indicador de referência, como o Ibovespa.

Quando um investidor não tem tanto tempo, ele terceiriza o trabalho. Em um fundo, há um time para fazer a análise e acompanhar o mercado.

João Baptista Peixoto Neto, sócio e diretor da Ouro Preto Investimentos

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Quais são as vantagens?

Ambas as estratégias têm vantagens.

Quando a pessoa investe por conta própria, a liquidez normalmente é mais rápida, ou seja, o investidor consegue ter o dinheiro em mãos mais rapidamente se quiser. E os custos são mais baratos, já que, normalmente, a corretagem e o custo de custódia são mais baratos do que as taxas de fundos.

Por outro lado, em relação aos fundos, a vantagem de optar por esse tipo de produto é contar com uma gestão especializada, que ofertará uma diversificação necessária entre ativos.

As vantagens de se aplicar através de fundos são a possibilidade de se investir em diversos ativos, nacionais e internacionais, dentro do perfil de cada cliente, com valores menores do que os mínimos exigidos em cada ativo, para se atingir a diversificação desejada e com uma gestão de um especialista.
Aldo Filho, analista da Aware Investments

Os fundos também têm a vantagem de ter acesso a ofertas restritas de IPOs e follow-on, operações normalmente destinados apenas a investidores profissionais, com mais de R$ 10 milhões investidos.

Portanto, enquanto os fundos oferecem a possibilidade de investir em alguns negócios exclusivos para quem tem muito dinheiro, os investidores pessoas físicas ficam de fora, perdendo assim algumas oportunidades que o mercado oferece.

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E as desvantagens?

Também há pontos negativos nas duas estratégias de investimento.

Ao investir por conta própria, o investidor deve ficar atento à concentração excessiva em um único ativo, por exemplo. Além disso, há também cuidados com o viés emocional na hora de optar por um ativo.

"Às vezes, você pode gostar muito de uma ação, por exemplo, e tê-la na carteira independentemente do preço. Uma ação pode cair demais, e a pessoa não vender, amargando prejuízo depois. Ou, caso a ação suba, pode acabar vendendo cedo demais", diz João Baptista Peixoto Neto, sócio e diretor da Ouro Preto Investimentos.

Já em relação aos fundos, os custos de gestão e a liquidez de cada produto chamam a atenção.

As desvantagens são o custo de uma gestão profissional para administrar o patrimônio e a liquidez que cada produto exige. Além de não ter autonomia na escolha de cada ativo especificamente.
Aldo Filho, analista da Aware Investments

Normalmente, os fundos cobram taxa de administração de 2% sobre o valor total e 20% sobre o que exceder o benchmark, como o CDI ou o Ibovespa, por exemplo.

Como escolher

De acordo com especialistas ouvidos pelo UOL, a escolha entre as estratégias deve vir após o conhecimento sobre a própria competência e a disponibilidade de tempo para se dedicar ao mercado.

Segundo eles, há também a possibilidade de se mesclar as estratégias, aproveitando os benefícios de ambas.

[Comprar ativo por conta própria] é indicado para quando o investidor tem tempo para fazer análises e para aqueles que gostam de acompanhar o portfólio. É necessário acompanhar o desempenho dos ativos, a performance e fazer o rebalanceamento de carteira se algum cenário mudar nesse meio tempo.

João Baptista Peixoto Neto, sócio e diretor da Ouro Preto Investimentos

Já se você não tem interesse ou tempo para fazer análises, o indicado é buscar um fundo independente. Para isso, é importante procurar um fundo que tenha taxas atrativas, rentabilidade histórica bacana e que tenha uma política de investimento que se enquadre no seu perfil de risco.

Bruna Amalcaburio, analista da Top Gain

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