'Antes tinha até chave de fenda'
Antes comuns Brasil afora, as lojas de R$ 1,99 estão cada vez mais raras no comércio. Em visita a algumas que resistem em São Paulo, o UOL constatou que a inflação e o dólar alto varreram das prateleiras os produtos mais baratos. Poucos itens custam de fato esse preço. Há canecas de plástico, doces e salgadinhos por esse preço, dentro da estratégia dos lojistas de vender comida para tentar sobreviver. Alguns preferem ceder à realidade e rebatizar as lojas, tirando o "R$ 1,99" do nome.
Diego Soares, 38, conta nos dedos de uma mão o que consegue vender hoje a esse valor. Ele é dono da Dalu Utilidades, que anuncia preços "a partir de R$ 1,99". A loja existe há mais de 20 anos no Jardim Saúde, zona sul de São Paulo.
"Há dez anos, eu vendia até chave de fenda de ferro a R$ 1,99. Hoje em dia, com os preços como estão, é impensável", diz.
Segundo ele, já estava difícil trabalhar com produtos populares com o dólar a cerca de R$ 4, em 2019. Mas tudo piorou a partir de 2020, com a pandemia, a valorização do dólar, e a inflação. Desde o início de 2020, o dólar subiu quase 30%, o que encarece os produtos importados. O IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo), que mede a inflação oficial, fechou 2020 em 4,52%, acelerou para 10,06% no ano passado e já acumula 4,29% neste ano.
Produtos chineses, que há dois anos eram o forte da loja de Soares, foram substituídos pelos nacionais, que passaram de 70% para 90% das gôndolas. Ele planeja vender pela internet, para tentar recuperar as perdas, com site próprio.