A F.D'Gold é uma distribuidora de títulos e valores mobiliários (DTVM). Compra ouro diretamente de garimpeiros e donos de garimpo e depois o revende na forma de ativos no mercado financeiro.
Durante anos, foi a maior DTVM de ouro do país, chegando a negociar 600 kg por mês. A atividade caiu a um terço depois que seu fundador entrou na mira da Justiça.
O império do Rei do Ouro, como Dirceu é chamado por estar envolvido em toda a cadeia de produção, inclui ainda uma empresa de fundição, 32 permissões e 130 pedidos de lavra garimpeira —as PLG, emitidas pela Agência Nacional de Mineração (ANM).
O empresário também foi dono da refinadora —que recebe o metal ouro com impurezas e o processa para gerar ouro puro— Marsam, mas, segundo o site Observatório da Mineração, vendeu a participação na empresa para a filha em 2021. O filho Pedro é sócio de garimpos e fornecedor de ouro para o pai.
Goiano de Anápolis mas filho de paulistas, Dirceu chegou a São Paulo em 1979, aos 13 anos. Foi office boy, ajudou na pizzaria da família, negociou em Serra Pelada as verduras produzidas pelo pai e chegou até a vender telefones.
O ouro começou a brilhar em sua vida em 7 de setembro de 1986, dia em que chegou à cidade de Itaituba, no Pará, para trabalhar na Faria Fraga DTVM.
Itaituba é a capital do garimpo na região do rio Tapajós e está situada no vale dos Tapajós, considerado a maior extensão territorial com ocorrência de ouro do mundo. São 100 mil km².
Conhecida como "cidade pepita", concentra a maior área reservada à atividade no país: 57,2 mil hectares —1/3 da área do município de São Paulo—, segundo a ONG MapBiomas.
Junto de Jacareacanga, São Félix do Xingu e Ourolândia do Norte, responde por 45% de todo o território do garimpo brasileiro.
Mas a abundância de ouro também atrai problemas. Estudo da UFMG (Universidade Federal de Minas Gerais) indica que 81% de todo o ouro com "indícios de ilegalidade" vendidos no Brasil entre 2019 e 2020 saíram de Itaituba.