Calculando a aposentadoria

Saiba calcular de quanto dinheiro vai precisar na aposentadoria e como juntar tudo isso

Colaboração para o UOL, em São Paulo Getty Images/iStockphoto

De quanto dinheiro você vai precisar na aposentadoria? Quanto precisar guardar por mês para chegar lá? Isso depende do seu padrão de vida, de quanto você ganha hoje, de quanto será sua aposentadoria oficial, pelo INSS, de quanto tempo ainda falta para parar e de qual seu perfil de investidor .

Calculando tudo isso, as contas mostram que, para alguns, pode bastar investir R$ 10. Para outros, podem ser necessários mais de R$ 3.500 por mês.

Cada um tem uma cifra própria a ser perseguida. O certo é que, se você deixar para pensar nisso mais tarde, maior será a sua dificuldade em construir uma velhice financeiramente tranquila. Ler as dicas abaixo pode ser o seu primeiro passo.

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Aposentados têm custo de vida menor

Ao projetar a sua aposentadoria, talvez você se preocupe com o preço salgado dos planos de saúde. Talvez também pense, olhando para o lado divertido da coisa, que terá mais tempo para viajar, levar o neto ao parque de diversões, fazer aquele curso não profissional que a rotina atribulada lhe impede e aproveitar outras delícias da vida que, obviamente, têm um custo.

Tudo isso precisa entrar, de fato, no cálculo de qual deve ser a sua renda quando você se tornar um aposentado.

Porém, muitas outras despesas que fazem parte hoje de sua rotina vão deixar de existir. Saem da conta a mensalidade do colégio de seus filhos, bem como todas as demais despesas relacionadas à formação e criação deles.

Todas as contas relacionadas ao trabalho, entre gastos com transporte, alimentação e até mesmo a happy hour com os colegas também deixam de consumir o orçamento.

De acordo com especialistas, um aposentado tem um custo de vida 30% menor do que o de um trabalhador da ativa. Claro, isso é uma média, e, como toda média, não faltarão casos diferentes, para cima ou para baixo. Mas, em geral, o custo de vida de um aposentado equivale a 70% do de uma pessoa que ainda está no mercado de trabalho.

Um trabalhador com renda de, digamos, R$ 10 mil por mês não sentirá grande mudança no padrão de vida se em sua aposentadoria obtiver um rendimento mensal de R$ 7.000.

Portanto, na hora de planejar a aposentadoria, você não precisa necessariamente almejar a manutenção da renda que tem atualmente.

Conceitualmente, um aposentado reduz seus custos em 30%, uma vez que suas atividades serão alteradas de forma considerável. Mas tudo depende do planejamento e estilo de vida de cada pessoa.

Thaís Maiochi de Oliveira, sócia da CMS Invest

Só o INSS não vai fechar a conta

Tendo como referência os valores de 2020, os benefícios previdenciários pagos pelo INSS variam de um mínimo de R$ 1.045, o equivalente a um salário mínimo, a um teto de R$ 6.101,06.

Sozinha, a aposentadoria paga pelo governo não assegura tranquilidade financeira a ninguém, sendo necessário ao aposentado buscar uma complementação de renda que permita a ele manter o padrão de vida do tempo em que esteve ativo.

Surge, assim, o desafio de construir um patrimônio capaz de gerar renda complementar na aposentadoria. O tamanho deste patrimônio vai depender, entre outras variáveis, do retorno de seus investimentos. Quanto maior o rendimento do capital, menor será o patrimônio necessário.

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Conservadores devem guardar mais dinheiro

Os ganhos de aplicações são proporcionais aos riscos. Investidores conservadores, com baixa tolerância a risco, devem trabalhar para acumular mais dinheiro do que investidores mais arrojados (teste aqui seu perfil de investidor).

Fora isso, evidentemente, quanto menor for a aposentadoria do INSS, maior terá que ser a complementação de renda e, logo, a acumulação de capital para se chegar a ela.

Se seguirmos com o exemplo do trabalhador que tem renda mensal de R$ 10 mil, tendo assim que planejar uma renda de R$ 7.000 na aposentadoria para manter o padrão de vida, a necessidade de renda complementar poderá variar de R$ 898, caso ele receba o teto do INSS, a quase R$ 6.000, se receber o piso.

Simulações feitas por Sabrina Stefani, especialista em planejamento de aposentadoria da Unnião Investimentos, mostram que, nesse caso, a acumulação de capital necessária vai variar de R$ 221 mil a R$ 1,46 milhão caso o dinheiro esteja aplicado em investimentos conservadores que rendam 5% ao ano.

Caso o capital esteja aplicado em investimentos de perfil arrojado com retorno de 12% ao ano, a necessidade de capital é reduzida para um valor entre R$ 95 mil e R$ 627,5 mil (veja os cálculos no quadro abaixo).

Juntar R$ 246 mil = R$ 1.000 de renda mensal até o fim da vida

O cálculo precisa ser feito caso a caso, e o exercício acima tem valor apenas teórico, já que raramente um trabalhador com renda de R$ 10 mil vai se aposentar tanto pelo piso quanto pelo teto. A intenção é simplesmente mostrar o montante mínimo e máximo de acumulação de capital exigida a quem, em situação parecida, estiver visando uma aposentadoria mais tranquila.

Uma forma de você estimar um valor mais próximo a sua realidade é levando em conta que, a cada R$ 1.000 de renda mensal complementar na aposentadoria, você precisará ter pelo menos R$ 246 mil alocados em investimentos conservadores. Ou seja, se precisar complementar o INSS com R$ 2.000, precisará juntar R$ 492 mil antes de se aposentar.

Bruno Domingos

É importante que cada investidor tenha seu planejamento realizado por um profissional qualificado de acordo com suas metas e perfil. Cada investidor é único.

Sabrina Stefani, especialista em planejamento de aposentadoria da Unnião Investimentos

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Começar cedo exige menos esforço por mês

A construção de uma aposentadoria tranquila é um trabalho de longo prazo. Também precisa ser constante ao guardar o dinheiro. Não pode falhar no período em que estiver na ativa .

Prazos longos não só ajudam o investidor a diluir a sua meta de capital ao longo do tempo, como também fazem os juros sobre o capital trabalharem a favor por mais anos. O resultado são parcelas mais baixas na acumulação de capital.

Segundo as simulações feitas por Sabrina Stefani, um investidor conservador que planejou a aposentadoria por 40 anos pode atingir a meta com depósitos mensais de no máximo R$ 988.

Quem deixa essa tarefa para os últimos 20 anos antes da aposentadoria pode ter de guardar até R$ 3.600 por mês. Tudo isso, mais uma vez, pensando numa pessoa com renda de R$ 10 mil enquanto trabalha (valores de 2020).

Veja no quadro abaixo mais exemplos de quanto teria de guardar por mês alguém que tenha salário de R$ 10 mil e queira ganhar uma aposentadoria de R$ 7.000 (incluindo o que vai ganhar do INSS).

O ideal é que o investidor comece o planejamento o quanto antes para que consiga acumular patrimônio relevante com menos esforço financeiro. Quanto maior o período de acumulação, mais o investidor irá se beneficiar dos juros compostos.

Sabrina Stefani, especialista em planejamento de aposentadoria da Unnião Investimentos

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Dicas para montar sua carteira de investimentos

Para investidores que preferem construir patrimônio a partir de uma carteira de investimentos própria, a recomendação, como sempre, é diversificar, sendo que a dica para os conservadores é ter cuidado com a exposição em renda variável.

Deibert Fernandes de Aguiar, assessor de investimento da corretora Terra Investimentos, diz para avaliar investimentos em ações com bom histórico de pagamento de dividendos, fundos imobiliários, fundos multimercado e até mesmo fundos internacionais. Também podem ser incluídos CDBs prefixados com prazos longos, onde as taxas são maiores, e títulos públicos atrelados à inflação (Tesouro IPCA+).

O especialista observa que nos primeiros dez anos de aposentadoria é possível assumir um pouco mais de risco, porém, após essa primeira fase, a prudência recomenda dar maior espaço à segurança de títulos de renda fixa como CDB, LCI e LCA.

Fazendo um mix com títulos de renda fixa de vários vencimentos, sempre haverá fluxo de caixa positivo. Na casa dos 75 anos, vale deixar o equivalente a 30% do total acumulado em papéis com liquidez imediata, como fundos DI ou Tesouro Selic.

Deibert Fernandes de Aguiar, assessor de investimentos da Terra Investimentos

Na fase de recebimento de renda, o risco da carteira de investimento pode ser reduzido, tendo em vista que o investidor já estará na fase de preservação de patrimônio.

Sabrina Stefani, especialista em planejamento de aposentadoria da Unnião Investimentos

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Previdência privada é mais indicada pelos benefícios tributários

Para quem prefere deixar a decisão do investimento nas mãos de um gestor, os fundos de previdência privada são uma opção. Há dois tipos básicos:

  • PGBL (Plano Gerador de Benefícios Livres): a tributação incide sobre todo o valor do investimento (rendimento mais principal), mas as contribuições podem ser deduzidas do Imposto de Renda. Indicado para quem faz a declaração completa do Imposto de Renda e, em geral, já passou dos 30 anos de idade.
  • VGBL (Vida Gerador de Benefícios Livres): não permite dedução na declaração de Imposto de Renda, mas a tributação incide apenas sobre o rendimento do fundo previdenciário. Indicado a quem está no começo da carreira ou prestes a se aposentar.

Nos dois casos, o Imposto de Renda é cobrado apenas no recebimento da renda, sem a antecipação da cobrança do tributo, o chamado "come-cotas", de fundos não previdenciários.

Quando entrar num plano de previdência privada, o investidor deverá escolher se essa cobrança de imposto será feita de forma progressiva ou regressiva.

No regime de tributação progressiva, indicada para rendimentos mais baixos, a alíquota é crescente, variando de 7,5% a 27,5% de acordo com o valor do benefício. São isentos os benefícios inferiores a R$ 1.900 (em 2020).

Na tabela regressiva, a alíquota começa em 35% e cai cinco pontos percentuais a cada dois anos até chegar a 10% a partir do décimo ano do plano de previdência. É uma opção indicada a investidores que não pretendem fazer o resgate antes desse período.

É importante que esse investimento seja acompanhado e realocado conforme as variações no mercado. Muitas pessoas fazem previdência privada e, por não acompanharem, acabam perdendo grande rentabilidade, já que deixam o capital em fundos que sequer acompanham a inflação.

Sabrina Stefani, especialista em planejamento de aposentadoria da Unnião Investimentos

A previdência costumava ser um investimento caro, por conta das taxas de carregamento, e de estratégias restritas. Nos últimos três anos muita coisa mudou, as regras de investimento na previdência foram flexibilizadas e hoje temos acesso até mesmo a estratégias internacionais dentro do mecanismo. Quanto aos custos, com a chegada de novos players no mercado, como as corretoras, caíram por terra certas cobranças feitas por grandes bancos, deixando a previdência acessível a todos.

Thaís Maiochi de Oliveira, sócia da CMS Invest

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