Os Correios estão presentes em todos os municípios do país. Se passar para a iniciativa privada, uma preocupação é que locais considerados pouco lucrativos não sejam mais atendidos.
Em agosto, em audiência pública na Câmara dos Deputados, Floriano Peixoto Neto informou que apenas 342 municípios têm "resultado favorável", e que os outros 5.246 são deficitários.
Segundo Tadeu Gomes Teixeira, professor do curso de Administração da Universidade Federal do Maranhão (UFMA), localidades que não apresentem retorno financeiro correm o risco de ficar desassistidas.
Fora da lógica de mercado
"Numa estatal como os Correios, a sua lógica —e por isso que ela é estatal— é utilizar os recursos obtidos onde há lucro nos municípios para atender os pontos periféricos. O que a empresa capta de recursos nos grandes centros serve para a prestação de serviços em outros territórios, em outras unidades, em outros municípios que não têm lucratividade. Essa é a ideia da universalização do serviço. Se a gente não tem um mecanismo de compensação para a empresa, se for simplesmente pela lógica mercadológica, não tem porque você atender esses municípios", disse o professor.
Segundo ele, a solução passa por estabelecer contrapartidas para que regiões não fiquem sem serviço e criar uma agência regulatória do setor postal, antes de permitir a entrada desses novos operadores privados.
Para Fabio Pecequilo, da consultoria e auditoria Mazars, a privatização do serviço implicaria em mudanças operacionais que afetariam as regiões que não são lucrativas. "Se você for pensar no que a iniciativa privada busca, quando você escuta falar de privatização, você escuta falar de mudar operações, de tornar o negócio mais leve. É possível que não teria uma estrutura física de atendimento [tal como hoje]".
"E o banco postal? E a questão de envio de valores? É um outro ativo que está se falando e, aparentemente, não foi discutido. Se fala numa simplicidade que a questão não tem", disse Pecequilo.