Um avião da Gol bateu a cauda na pista ao decolar do aeroporto Santos Dumont, no Rio de Janeiro, na manhã da última terça-feira (31). Esse incidente é conhecido como tail strike (batida com a cauda, em tradução livre), e ocorre quando o nariz do avião está inclinado para cima em um ângulo muito elevado.
Com isso, a traseira da aeronave acaba tocando o solo, seja no pouso ou na decolagem. Não é normal que isso ocorra, e esse incidente é visto com mais frequência em aviões mais compridos.
Essa inclinação demasiada do avião para cima pode ocorrer por alguns motivos. Entre eles, estão a configuração errada da aeronave, puxar o manche rápido demais (o que levanta o nariz e faz a cauda bater no solo), uma rajada de vento, entre outros.
No caso de terça-feira, não houve maiores problemas, e o avião seguiu normalmente para o seu destino, o aeroporto de Congonhas, em São Paulo.
Quais os riscos?
De acordo com o piloto Marcelo Ceriotti, diretor do SNA (Sindicato Nacional dos Aeronautas), esse incidente não oferece maiores riscos ao voo.
"Embora essa situação não seja desejável, é até comum que ela ocorra. Os fabricantes, inclusive, desenvolveram um equipamento chamado tail skid, que amortece esse impacto na cauda de alguns modelos, evitando danos à fuselagem do avião", diz Ceriotti.
Um dos maiores problemas de o avião bater a cauda na pista é que, geralmente, ele não pode ser pressurizado após isso. A parede de pressurização da aeronave fica próxima ao local onde pode haver o contato com o solo, e pode ser danificada, dificultando a pressurização da cabine de passageiros.
Um dos procedimentos previstos no manual de uma aeronave da mesma família daquela envolvida no acidente, um Boeing 737, recomenda não pressurizar o avião quando é detectada a batida da cauda com o solo. As válvulas responsáveis por esse sistema no 737 devem ser mantidas abertas e é recomendado pousar no aeroporto mais próximo possível.
Caso não seja possível retornar para um aeroporto próximo ou o dano não foi significativo, pode até ser possível que o avião continue voando para o seu destino, mas em uma condição bem restrita. Não poderia ultrapassar a altitude de 3.048 metros (10 mil pés), e isso só seria possível se tivessem combustível suficiente para se manter nesse nível de voo.
Ainda assim, se o comandante identificar que as condições são seguras e não oferecem riscos, ele pode voar normalmente.
De dentro da cabine, é difícil os pilotos saberem que houve o toque da traseira do avião com a pista na decolagem. Isso, geralmente, é feito pelo alerta de outras pessoas, como a torre, os comissários ou passageiros sentados ao fundo, que podem perceber o impacto com mais facilidade. Não há alarme na cabine de comando para esse tipo de ocorrência.
Em solo, quando a batida com a cauda no solo é identificada, os mecânicos atuam para identificar se houve apenas uma raspagem leve na fuselagem ou se o dano foi mais profundo. Muitas vezes, basta trocar o tail skid —um procedimento bem simples —, que o avião é liberado para voar em seguida.
Investigação
Segundo o Cenipa (Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos), o avião não sofreu danos. Os pilotos efetuaram os procedimentos previstos no checklist do avião e seguiram para Congonhas (SP). O pouso foi realizado sem intercorrências e todos saíram ilesos, segundo o órgão.
Em nota, a Gol confirma o incidente e a liberação da aeronave no mesmo dia.
"A GOL confirma evento de toque da estrutura de proteção da cauda com a pista durante decolagem no aeroporto SDU em 31/08. Os pilotos efetuaram os procedimentos necessários e o pouso ocorreu sem mais anormalidades. A aeronave passou por inspeção de manutenção, retornando à operação no mesmo dia", informou a empresa.
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