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Agronegócio brasileiro precisa ditar regras no comércio global

Colunista do UOL, em Porto Alegre

04/10/2013 06h00

As projeções de que a população mundial crescerá para nove bilhões de pessoas até 2050 trazem um desafio e várias oportunidades para o agronegócio nacional. Os números indicam que a produção mundial de grãos deverá dobrar até lá e que grande parte dessa demanda crescente por alimentos será suprida pelo Brasil.

O mundo espera que o Brasil se posicione e crie as condições necessárias para liderar o comércio de commodities global nos próximos anos. A grande questão neste momento é: o agronegócio nacional está preparado para assumir esta posição de liderança?

Não há dúvidas de que o setor é competitivo e um dos mais avançados do mundo, exemplo de uma agricultura tropical eficiente. Em uma área praticamente estabilizada, o Brasil passou de uma produção de 120 milhões de toneladas em 2003 para mais de 190 milhões projetados para 2013/2014.

Ainda assim, o país enfrenta, ano após ano, vários problemas que travam um crescimento ainda mais consistente. Estrada, portos, custos de produção, barreiras não tarifárias, comunicação avariada com a população, entre outros gargalos que emperram o avanço do setor.

Entre estes desafios, se destaca em 2013 o crescente isolamento comercial brasileiro. Os mega-acordos dos Estados Unidos com a União Europeia e com os países da Ásia ameaçam a expansão das exportações do agronegócio brasileiro. Além, claro, das restritivas regras impostas pelo Mercosul.

Parece claro que o Brasil deve fazer força para assumir acordos bilaterais, sem depender dos seus parceiros do Mercosul. O papel da diplomacia brasileira deve ser pragmático, deixando as ideologias de lado e garantindo condições favoráveis ao setor, pavimentando o caminho da liderança brasileira no abastecimento mundial de grãos.

O Brasil precisa buscar acordos com os principais consumidores do mundo, como China e Índia. Há também a necessidade de afinar a política com os potenciais concorrentes, caso dos Estados Unidos, Canadá, Argentina e países da ex-União Soviética -Rússia e Ucrânia.

O agronegócio nacional tem um futuro brilhante. O Brasil é líder e muito se espera do país. O momento é de sentar, articular, ajustar projeções e sugerir estratégias.

Mantendo a postura rígida de negociar acordos em conjunto com o Mercosul, o Brasil não ganha nada. Se ficar à margem dos mega-acordos, o país será apenas um seguidor de regras e não um formador, posição que as condições de oferta e demanda  mundial de grãos praticamente nos obrigam a assumir