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Brasil precisa expandir adoção do seguro rural de preço

22/11/2013 06h00

A necessidade dos leilões de Pepro para sustentar os preços do milho e as reivindicação dos cafeicultores para postergar o pagamento das dívidas por 120 dias trouxeram à tona um dos nós do agronegócio nacional que precisa ser desatado com urgência: a expansão do seguro rural.

Especificamente, o seguro do preço.

Atualmente, cerca de 10% do valor da produção agrícola do país, estimada em R$ 280 bilhões, é lastreado pelo seguro rural, conforme estimativa do diretor geral da BB/Mapfre Seguros, Luis Carlos Guedes Pinto. O número é pouco significativo, mas a situação já foi pior.

De 2011/2012 para 2012/2013, houve um aumento de 40% na adesão. Da temporada anterior para a atual, se projeta uma taxa de 75% de aumento. Os percentuais indicam que o agricultor já está tendo noção da necessidade de proteger a sua produção.

Quando se fala em seguro rural, o exemplo que vem à cabeça é o do produtor norte-americano. E a nossa distância para o modelo americano é muito grande em vários aspectos. Mas devemos aprender, e rápido, com os Estados Unidos, que adota como base o modelo de proteção dos preços.

O que interessa ao produtor é garantir renda. Adotada por 80% dos produtores americanos, esta modalidade dá a possibilidade do agricultor investir, mesmo que tenha sido vitimado por catástrofes no ano anterior.

A pior seca dos últimos 40 anos provocou uma forte quebra na safra americana no ano passado. Milho e soja amargaram perdas. Mesmo colhendo menos, a renda do agricultor dos Estados Unidos foi garantida pelo seguro.

Com isso, a produção americana não foi comprometida em 2013, porque o setor tinha recursos para investir.

O resultado: os norte-americanos colherão a maior safra da história de milho, em torno de 350 milhões de toneladas e também uma das maiores produções de soja, que deverá se situar entre 85 milhões e 90 milhões de toneladas.

Não há quem saia perdendo com o seguro rural de preço. É mais barato para o governo incentivar o setor a fazer a subvenção do seguro do que carregar a dívida dos produtores em tempos de crise, como ocorre com o café.

Com a produção agrícola segurada, haveria menores custos com mecanismos de comercialização, caso dos leilões de Pepro de milho e dos possíveis leilões de contrato de opção que poderão ser anunciados para o café.

A notícia boa é que o país está passando por um momento irreversível para a consolidação do seguro rural no país.

O seguro veio e ficou e vai contribuir para o crescimento da agricultura brasileira.