Brasil precisa encontrar alternativas para o excedente de milho
O recente incentivo à produção de milho da segunda safra, principalmente em Mato Grosso, trouxe um problema a ser resolvido para garantir a fluidez da comercialização interna: o que fazer com o excedente de quase 30 milhões de toneladas na relação produção e consumo?
Neste ano, mesmo com o bom ritmo das exportações, o governo se viu obrigado a intervir no mercado para assegurar preços razoáveis ao produtor. Mesmo assim, houve um desestímulo ao plantio do cereal, que caiu consideravelmente na safra de verão e deverá ser reduzido também no cultivo de inverno.
Como resultado, a produção nacional deverá cair de 82 milhões de toneladas para 75 milhões. Mesmo assim, já é fácil projetar um excedente considerável que não será absorvido pelas exportações. Logo, teremos novamente que contar com a boa vontade do governo para ajudar no escoamento do cereal em 2014.
Para equilibrar este mercado, algumas alternativas passam a ser estudadas com maior atenção. Ampliar a base de compradores no exterior é uma delas. Mas nada vai acontecer da noite para o dia.
Muito se falou da necessidade chinesa de milho. Mas o fato é que, no curto prazo, os chineses não serão grandes importadores do cereal, até porque mantêm estoques elevados. Na temporada passada, os chineses prometiam comprar 7 milhões de toneladas e encerraram o ano adquirindo menos de 3 milhões.
Os estoques de milho na China subiram ainda mais. Projeta-se novamente importação de 7 milhões de toneladas, mas dificilmente este número se concretizará. Depois da assinatura de um acordo entre Brasil e China liberando o milho nacional para aquele país, especulou-se em compras de 10 milhões de toneladas, mas isso não vai acontecer.
Uma outra opção passa a ser a emergente produção de etanol tendo o milho como matéria-prima. É uma alternativa viável, principalmente em Mato Grosso, onde o etanol de cana é caro, a oferta de milho é abundante e os preços do cereal são baixos.
Além disso, a produção do etanol através do milho gera um resíduo chamado DDG, que pode ser utilizado na alimentação do boi criado em confinamento, prática que aumenta consideravelmente em Mato Grosso e que deve ser uma tendência consolidada no Brasil nos próximos anos, a exemplo do que ocorre nos Estados Unidos.
Mesmo com a queda na atual temporada, parece concreto que o Brasil assumiu outro patamar e outro status como player no mercado mundial de milho. Em consequência, o país deve buscar opções de mercado que viabilizem a renda do produtor. Depender dos subsídios do governo não deve ser uma destas opções.
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