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Como transformar a angústia em impulso positivo na gestão empreendedora

Marco Roza

Colunista do UOL

04/11/2015 06h00

Todo empreendedor (ou empreendedora) é antes de tudo um ser angustiado. Angustiado por resultados de curto prazo. Sempre em pânico para avaliar a satisfação de seus clientes. Ansioso por fechar acordos comerciais com fornecedores. Desesperado por uma resposta em andamento nas negociações com as raras instituições financeiras que apostam na sua empresa.

Muitas vezes, a intensidade da angústia sufoca a visão estratégica do empreendedor. O pânico invade todas as táticas de curto prazo e o futuro empresário perde enormes energias atirando para tudo quanto é lado, tentando acertar qualquer rumo a qualquer custo.

Geralmente sangra seus recursos (sempre escassos) e, apesar de a tentativa e o erro fazerem parte do desenvolvimento de uma organização, é necessário realizar testes sem perder o rumo de uma visão estratégica previamente definida.

É dessa maneira que conseguiremos saber se trilhamos os caminhos certos, se os ajustes são necessários e, se adotados, geraram os resultados esperados.

Mas se a angústia exagerada, que nos leva ao descontrole emocional, principalmente, é nociva, é superimportante termos em mente que é necessário gerenciar as ansiedades embutidas no processo gerencial de todo e qualquer negócio. Em qualquer fase de seu desenvolvimento.

Porque é a angústia pela qualidade, eficiência, atendimento e, principalmente, por surpreender sempre seus consumidores que o ajudará a ajustar permanentemente sua empresa.

E essa angústia, se for implementada com boas doses de sabedoria, humildade e interação com os profissionais de sua empresa, criará a tensão saudável que ajudará sua organização a se ajustar, como entidade viva que é, às exigências sempre renovadas de sua clientela.

Inserir doses saudáveis de angústia no cotidiano da empresa o ajudará a antecipar tendências de consumo, a descobrir vontades ainda não captadas por nenhuma pesquisa de mercado, a se posicionar junto aos clientes mais exigentes a ponto de transformar sua marca numa referência de parceria, de qualidade, de confiabilidade.

O difícil, como insistimos, é dosar a infiltração da angústia nos rituais diários da empresa. Porque no afã de acertar, muitas vezes, as ordens são emitidas de maneira estridente, comprometendo a boa intenção inicial e se transformando em gritos, deselegâncias, desentendimentos.

A angústia mal dosada, contudo, se faz perceber. No ambiente da empresa, nas reclamações dos clientes e, principalmente, no balanço no final do mês.

Isso tudo induzirá o gestor atento a dosar a angústia como o fermento necessário para manter a empresa sempre em crescimento de seus valores intangíveis, que assim como a própria ansiedade, permitirá monitorar a qualidade e a vinculação com uma clientela real, mas de comportamento cada vez mais intangível.